A cidade de São Paulo deixará de ter 40 mil vagas de estacionamento, que passarão a dar espaço a ciclovias. Dados divulgados pelo jornal Folha de São Paulo apontam que a capital paulista tem, apenas citando as vagas de Zona Azul, 38.911 espaços destinados ao estacionamento de veículos. À primeira vista, o número de vagas que serão ocupadas por ciclovias parece exageradamente alto, se compararmos às destinadas à Zona Azul.
Recentemente, nos deparamos com notícias sobre moradores indignados com a retirada de vagas de carros em frente a seus estabelecimentos. Mal sabem eles que o futuro do carro não é nada promissor nos grandes centros urbanos. Essas áreas já não comportam mais veículos, e vemos hoje uma invasão de estacionamentos em locais onde antes havia comércio. Mais do que isso: vemos a cidade verticalizar a passos cada vez mais rápidos, fazendo surgir milhares de apartamentos em locais onde antes havia casas, postos de gasolinas, quadras de futebol society, cada um deles com até três vagas por morador!
A polêmica ciclovias x vagas para carros já está instaurada, mas a gestão Haddad não pode ser acusada de não dialogar. Desconheço um secretário de Transportes que tenha se disposto a conversar com a população como o da atual gestão o faz. Fale-se o que quiserem da administração Haddad, critique-se até, mas ela está nas ruas para debater com a população, comerciantes, jornalistas e, principalmente, com quem reivindica ciclovias: os usuários de bicicleta.
Na última semana, cicloativistas se reuniram para elaborar um documento, à ser entregue a representantes da gestão Haddad, em que se propõe a criação de um comitê de ciclistas para acompanhar futuras obras e apontar melhorias para as ciclovias já implantadas, assim como a criação de uma campanha educativa e a integração das áreas culturais, para estimular o uso das ciclovias. Pois elas precisam ser humanizadas!. É o que Chicago está fazendo atualmente, ao integrar ciclovias compartilhadas com a rua e a população.
Se isso dará certo, só o futuro dirá. O que podemos afirmar é que a atual gestão parece estar empenhada em levar a cidade de São Paulo a superar Amsterdã, com seus 400 km de ciclovias. Ciclovias têm função de democratizar as ruas, melhorar o ar da cidade, a saúde da população e o trânsito. Outra função menos conhecida é a redução das taxas de homicídios (um dos exemplos mais claros é Bogotá). A bike humaniza e integra as pessoas! Ela faz com que interajamos mais, algo praticamente impossível quando ficamos fechados dentro de um automóvel. Ciclovias humanizam as áreas por onde passam e levam às ruas uma revolução social, fazendo com que as cidades voltem a ser das pessoas.