Futebol

Como a maratona de jogos afeta a saúde mental dos jogadores

Calendário apertado no futebol fez com os clubes jogassem a cada 2 dias; entenda como isso prejudica a saúde emocional dos atletas

Foto: Shutterstock

A pandemia gerou uma situação absurda no futebol, principalmente no estado de São Paulo. As equipes estão sendo obrigadas a entrar em campo a cada 2 dias muitas vezes. Além disso, a tabela ainda do Campeonato Paulista ainda não está desmembrada. Então, mesmo cientes de que terão uma partida neste sábado (1), os atletas ainda não sabem, mesmo já sendo quinta (29).

Não há dúvidas de que essa verdadeira maratona de futebol prejudica fisicamente o desempenho deles. Mas, também é preciso se atentar ao fator psicológico. Por isso, convidamos a Doutora Josianne Martins de Oliveira, médica psiquiatra e diretora da Associação Psiquiátrica de Brasília, a APBr, para explicar algumas situações.

“Jogos em curto espaço de tempo exigem que o atleta de futebol esteja disponível para o clube por um longo período em que precisam ficar fora de casa e distantes da família e de amigos. Esse distanciamento pode gerar um sentimento de tristeza e de culpa por não participar, por exemplo, de momentos importantes na vida dos filhos, não compartilhar suas experiências com o cônjuge e não ter o conforto das pessoas queridas para os momentos difíceis. Além do desgaste físico de cada jogo, ainda há o desgaste emocional pela enorme cobrança de bons resultados e pela possibilidade de consequências negativas, como a rejeição da torcida e retaliações em redes sociais diante de pequenos erros. Muitas vezes, todos esses fatores somados a questões genéticas podem desestabilizar a saúde mental do atleta levando a quadros de exaustão e adoecimento psíquico”, diz.

A especialista ainda mostra como isso prejudica dentro de campo de futebol. “O estado mental do atleta influencia diretamente no seu rendimento físico e qualidade técnica, pois se ele não está bem não consegue focar nos treinos e se dedicar da melhor forma, durante o jogo pode estar desatento e preocupado, o raciocínio para estratégias e habilidades como agilidade/rapidez podem estar comprometidas, o sono e alimentação também podem estar prejudicados impactando no seu rendimento”, emenda.

Segundo Josianne, o apoio dos amigos e familiares se torna ainda mais importante para quem está no futebol. “Em momentos difíceis, o atleta deve buscar apoio nas pessoas que lhe dão conforto, mesmo que seja um apoio a distância, no tempo livre fazer atividades que lhe dão prazer, aprender a relaxar, mesmo estando preocupado usando técnicas de respiração, meditação e oração, fazer leituras positivas e manter um boa noite de sono. Por fim, buscar ajuda profissional quando for necessário”, conta.

Por fim, a médica conta como quem trabalha com futebol pode buscar maneiras de trabalhar nessa situação. “Lidar com uma profissão bem remunerada, mas que exige resultados bons a todo o momento não é fácil. O atleta precisa aprender a lidar com todas as situações de cobrança tanto do clube quanto da torcida, não se deixar abater pela rejeição e retaliação dos torcedores diante de pequenos erros, reconhecer sua capacidade e ter confiança nas suas habilidades, mas também reconhecer suas limitações como ser humano, respeitar seus sentimentos e suas emoções e buscar ajuda profissional quando for necessário”, conclui.

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