Basquete

Como jogar em alto nível depois dos 40 anos? Alex responde

É outro exemplo para encaixar o esporte no nosso dia a dia

Alex com a taça e medalha de campeão da Liga Sul-Americana 2022 - Foto: Divulgação/Bauru Basket

É só ir embora o seu tempo de adolescência, os seus 20 e poucos anos e aproximar-se da “faixa” dos 40 para o seu rendimento no esporte ser colocado em cheque. Exemplo: dá para manter-se em alta no esporte depois dos 40 anos? O jogador de basquete Alex, o “Brabo”, de 42 anos, do Bauru Basket-SP, vai responder.

É possível jogar bem depois dos 40

“Dá para manter-se em alto nível depois dos 40 anos, sim. Você tem que treinar duro tanto na academia quanto na modalidade que estiver fazendo. Uma alimentação boa e com isso você pode continuar jogando depois dos 40. Procuro fazer o máximo possível na hora do treinamento justamente tentando chegar ao limite do meu corpo”, disse Alex com exclusividade para o Sport Life.

A rotina e alimentação do Alex

Nada se consegue sem trabalho. Esse é o mantra do Alex para o seu dia a dia, ou seja, o experiente acredita que não existe segredo para estar nessa condição perto de completar mais um ano de vida e baseia-se apenas no trabalho duro. O Brabo ainda admitiu ser fã de outros esportes e, principalmente, nas férias se “aventura” em outras modalidades para mudar a rotina.

“Eu gosto de jogar vôlei com a família. Hoje em dia com a ‘moda’ de beach tennis gosto também. Futebol é uma coisa que eu sou apaixonado. Eu procuro fazer um pouco de tudo, menos basquete e manter o tempo saudável”, relatou.

Alex é vegetariano? Vegano? Amante de suplementos ou é rígido com a dieta? Nenhuma das alternativas! Então, Alex é o típico de atleta que nunca seguiu nenhum regime na carreira. O camisa 10 bauruense citou que gosta de tomar um vinho e cerveja de vez em quando e o único cuidado é não extrapolar para não afetar o seu rendimento.

“Eu sou um cara que come de tudo. Já fui em algumas nutricionistas, acabei me desentendendo porque nutricionista gosta de cortar isso e aquilo. Eu sei os momentos que eu posso comer bastante e quando não posso. Semana cheia de treinos ou véspera de jogo sempre ‘seguro’ um pouco a alimentação”, afirmou.

É o tempo do “arremesso final” do Brabo?

Engana-se quem pensa que esse ídolo do basquete já prepara o seu adeus desse esporte para iniciar outro ciclo de vida com a família. Alex não pensa em aposentadoria, isto é, os fãs podem ter certeza que o vão acompanhar por muito tempo e até revelou o seu novo objetivo no NBB (Novo Basquete Brasil).

“Mais um ano não, mas a minha vontade é jogar por mais duas temporadas para chegar com 46 ou 47 anos. Eu quero ser o jogador mais experiente da história do NBB. Acho que ninguém vai conseguir chegar aos 46 anos jogando. Então, isso é uma coisa que eu quero muito e vou trabalhar duro para chegar nesse ponto. Estou com muita fome de vitória ainda”, garantiu.

O método de treinamento do Alex é diferente da maioria?

Outra dúvida que pode surgir é sobre o treino para o Brabo, pois a sua condição de veterano nas quadras desperta a ideia de que o trabalho funciona “a parte”. O Sport Life consultou o preparador físico do Bauru Basket, Bruno Camargo, que negou que exista diferenciação para algum jogador no dia a dia da equipe.

“Não crio uma programação especial para o Alex. Ele segue a rotina com o grupo normalmente. O que o atleta recebe é a carga de trabalho, que é individualizada. É necessário durante a temporada o atleta treinar um pouco mais ou um pouco menos. Às vezes, nós reduzimos a quadra dele dependendo da sessão do treino para que priorize esses trabalhos, que nós chamamos de neuromuscular”, falou.

Carreira

Alex nasceu em 4 de março de 1980 na cidade de Orlândia (SP), terminou o seu período de base no Setta/Propendit-SP e até o momento passou por COC-SP, CEUB-DF, Minas Tênis Clube e está em sua sétima temporada pelo Bauru Basket. O Brabo já defendeu o Maccabi Tel Aviv, de Israel, e esteve na NBA nas temporadas 2003/04 e 2004/05 pelo San Antonio Spurs e New Orleans Hornets (Atual Pelicans), respectivamente.

Há ainda no currículo desse veterano o vice-campeonato da Euroleague (2008), e os títulos do Paulista, Brasileiro da CBB (Confederação Brasileira de Basketball), NBB, Liga das Américas, Liga Sul-Americana e Troféu João Herculino.

“O auge da minha carreira não foi na NBA porque quando fui para lá estava com 23 anos. Assim, precisava aprender muita coisa ainda e aprendi bastante com umas referências que haviam principalmente em San Antonio, como Tony Parker, Ginobili, Duncan e Bruce Bowen na parte defensiva. Acrescentou muito no meu jogo. O auge da minha carreira foi depois dos meus 30 anos. Já estava com a equipe do CEUB e naquele momento já me senti um jogador um pouco mais completo”, alegou.

O camisa 10 da Seleção Brasileira

Já pela Seleção Brasileira esteve presente nas Olimpíadas de Londres (2012) e Rio 2016. Inclusive, fez parte do grupo do Brasil na Copa do Mundo de 2019, época em que ficou conhecido pela marcação implacável na vitória sobre a Grécia do astro Giannis Antetokounmpo, do Milwaukee Bucks, e do fim de sua era na “Amarelinha”.

“O Aleksandar Petrović (Ex-técnico da Seleção Brasileira) estava em mente de colocar o Bruno Caboclo na defesa do Giannis. Aí ele mudou acertadamente. Um dia de treino foi com o Caboclo e no outro Petrović me chamou de canto falando que eu seria o defensor do Antetokounmpo. Quando ele falou isso eu adorei porque eu sempre gostei de ter essa disputa. Já tive o prazer de marcar grandes jogadores como Kobe Brayant, LeBron James e Steve Nash”, relembrou.

“Pra mim ali foi especial. Afinal, consegui alguns vídeos e sabia como Giannis gostava de jogar. Estudei bastante ele. É um jogador de 2,11m de altura e gosta de jogar de frente para o seu defensor. Nessa posição, eu sabia que seria difícil ele passar por mim e facilitaria muito a minha defesa. Lógico que não fui sozinho e teve ajuda do Varejão, Caboclo e o Benite ajudando. A Seleção o marcou bem. Eu como defensor primário dele consegui por boa parte do jogo diminuir o entusiasmo e produtividade dele”, encerrou.

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