Estar sobre os ‘flashes’ dos celulares e ouvir seu nome cantado pela torcida, são o objeto dos sonhos de qualquer atleta que busca o estrelato. Para quem já é da elite do esporte, é algo até corriqueiramente comum, pois já foi conquistado depois de muito suor e dedicação. No entanto, para chegar a este status na carreira, é necessário muito treinamento, seja físico ou mental. Afinal, lidar com altas pressões emocionais e evitar crises de ansiedade é uma das chaves para o sucesso da carreira de um esportista.
Acontece que nem sempre isso acontece. Quem explica é o treinador mental de atletas de alta performance, Lincoln Nunes. “Geralmente, as preocupações externas são consequência do nervosismo e da pressão que sentimos. Essa pressão afeta áreas cognitivas do cérebro, como o córtex pré-frontal, associado à memória de curto prazo. A partir dessas preocupações, surgem pensamentos ligados à baixa autoestima, capacidade e noção de merecimento. Essas ideias negativas esgotam a capacidade da memória de curto prazo. Então, é nesse momento em que travamos, falhamos, bloqueamos e até passamos mal”.
Recentemente, a jovem tenista Emma Raducanu, de apenas 18 anos de idade, desistiu de seguir no torneio de Wimbledon após não conseguir lidar com a pressão emocional. Lincoln lembra que ela chegou a passar mal durante a partida que disputava em função da ansiedade com a competição. “Em disputas intensas como a do torneio de Wimbledon é quase um crime o atleta ir à competição sem o mínimo de preparo comportamental e mental”, observa.
Lincoln acrescenta ainda que o atleta pode ser o melhor do mundo na sua modalidade, mas é primordial que além do seu desempenho físico haja o devido preparo comportamental e mental. “Sem isso, a performance pode cair bruscamente na hora H, porque os pensamentos relacionados à pressão imediatamente aparecem”. E ele destaca: “Quando isso acontece, ninguém consegue manter o foco no que realmente é importante. Se você não confia no seu potencial, como vai dar o seu máximo? Enfim, é importante lembrar que os atletas reconhecidos como extraordinários, têm mentes igualmente extraordinárias. Muitos treinam até se esgotar ou lesionar, porém não enxergam que a chavinha que te leva aos títulos é o cérebro bem preparado”, conclui o treinador.