Corrida

Por dentro do projeto Breaking2 da Nike

Correr uma maratona abaixo de 2 h? Neste final de semana, a Nike irá transmitir o Breaking2 e conta detalhes da preparação dos atletas

Foto: Divulgação/Nike

Você já deve ter ouvido falar que a Nike está com um projeto audacioso para quebrar o recorde abaixo de 2 h em uma maratona. Caso ainda não saiba do que se trata, o projeto Breaking2 desafiou três atletas a correrem em menos de 2 h a distância de 42 km.

Para tal, um corredor precisaria superar a maratona mais rápida que já foi registrada – 2:02:57 – em cerca de 3 por cento. Isso significa que ele precisaria eliminar sete segundos de cada uma de suas 26,2 milhas. Para a maioria, este é um desafio aparentemente impossível. Mas para a Nike, essa façanha está prestes a acontecer. Mais precisamente nesse final de semana – e a Sport Life irá mostrar tudo o que vai rolar em nossa fanpage e Instagram. Você também poderá acompanhar a transmissão na íntegra neste link. O evento acontecerá em Monza, às 5h da manhã de sábado. Para acompanhar o fuso, a transmissão brasileira será por volta da meia-noite do sábado (seguindo o horário de Brasília). O tiro de largada será às 5h30 do horário local.

 

 

O desafio

Os atletas Eliud Kipchoge, Lelisa Desisa e Zersenay Tadese vão tentar realizar uma corrida abaixo desse tempo. Alguns meses de testes e análise de dados dos melhores corredores de longa distância do mundo determinaram que estes três estão fisicamente preparados para o desafio. Mas grande parte da ideia de fazer parceria com eles resume-se ao fato de serem, por natureza, melhores do que outros atletas em correr rápido por um longo tempo. Os anos de experiência e de expertise em provas longas, lhes dão uma vantagem exclusiva. E é essa uma das razões pela qual a equipe de treinadores e cientistas do Breaking2 compreendeu que estratégia e otimização dos treinos, ao invés da mudança radical de suas rotinas, seriam a melhor maneira de abordar a tentativa de levar os atletas ao que se espera ser a maior conquista em corridas de longa distância até hoje.

Os atletas e seus treinadores têm desempenhado um papel fundamental na definição dos programas de treinamento que os levaram até onde estão hoje. O Dr. Brad Wilkins, fisiologista e diretor da Nike Explore Team Generation Research no Laboratório de Pesquisa Esportiva da Nike, e o Dr. Brett Kirby, pesquisador e fisiologista líder do Laboratório de Pesquisa Esportiva da Nike, se reuniram para supervisionar a ciência diária por trás do Breaking2. “Como atletas de elite, eles têm programas de treinamento incríveis e bem estabelecidos que estão funcionando”, diz Wilkins. “Nosso objetivo tem sido trabalhar com os corredores e seus treinadores para fornecer análise e feedback.” Aqui está o porquê esta reunião de mundos tem o potencial de fazer com que o sonho da maratona abaixo de duas horas se torne uma realidade.

 

Tênis de elite

Os atletas terão nos pés o Nike Zoom Vaporfly Elite, desenvolvido para o Breaking2. De acordo com a Nike, o tênis possui uma entressola chamada ZoomX, que é o “segredinho” para impulsionar a performance dos atletas para conquistar o sub 2.

Especialistas chegaram a questionar a utilização do tênis, dizendo que as molas presentes na sua estrutura dariam uma vantagem não permitida aos atletas – uma espécie de doping tecnológico. Entretanto, os atletas têm seguido um programa de treinamento acompanhado por diversos especialistas. Então, o conjunto da obra tem uma série de fatores envolvidos.

 

Como a ciência determinou o que funciona para os atletas do Breaking2 

Os planos de treinamento evoluem à medida que o atleta evolui

O plano semanal da Eliud Kipchoge tem variedade e especificidade, e se desenvolve progressivamente ao longo do programa. Ele faz treinos duas vezes por dia, corridas longas, trabalhos de velocidade em uma pista e exercícios Fartlek (termo sueco para jogo de velocidade) a cada semana. “Eliud está em total sintonia com seu corpo, então muitas vezes ele deixa sua capacidade de resposta e percepção de esforço ditar seu ritmo”, diz Kirby.

Foto: Divulgação/Nike

 

Enquanto isso, o foco inicial de Lelisa Desisa foi a resistência no geral, com várias corridas de base de longa distância, fáceis a moderadas. Ele adicionou treinos de pista mais específicos para desenvolver sua velocidade e intensidade à medida que o programa evolui. A estratégia de Zersenay Tadese é quase o oposto da de Lelisa: a primeira metade de seu treinamento foi de velocidade pesada para ajudá-lo a se familiarizar com o ritmo da corrida, enquanto mais tarde seu objetivo foi aumentar a duração da sua velocidade com resistência para que ele possa manter esse ritmo ao longo do tempo, diz Kirby.\

 

Aquecimentos simples

Foto: Divulgação/Nike

Todos os atletas fazem uma corrida lenta típica (às vezes tão lenta que quase arrastam seus pés longitudinalmente, parecendo com uma parada, descreve Kirby), aumentando progressivamente seu ritmo por aproximadamente 30 minutos. Desisa e sua equipe também fazem uma rotina de pré-corrida, quase um ritual, composta de movimentos dinâmicos que duram cerca de 30 minutos. “Parece uma dança”, diz Kirby.

 

Corridas individuais também são fundamentais

Geralmente, os atletas correm com os outros por motivação e camaradagem. Desisa tem sua própria equipe com seis a oito atletas que estão lá para apoiá-lo da forma que ele precisar. Em corridas longas, Kipchoge corre entre um grande grupo composto por até 60 corredores, profissionais ou treinadores. Mas se eles têm como meta um treino muito específico, eles podem correr sozinhos ou com apenas alguns poucos corredores.  “Zersenay faz muitas de suas corridas por conta própria”, diz Kirby.

 

Sono de qualidade

Nenhum dos atletas faz o que geralmente seria considerado um padrão de recuperação. A parte mais crítica de suas rotinas de treinamento – típica de atletas que correm mais de 100 milhas por semana – é a recuperação. “Zersenay é conhecido como o homem que dorme, porque quando ele não está correndo, ele está dormindo”, diz Kirby. Quando Desisa não está treinando, ele está relaxando. Kipchoge passa grande parte de seu tempo de descanso equilibrando com a vida diária em seu acampamento. “Além de cochilar e tomar chá com seus companheiros de equipe, ele também faz tarefas, como tirar água de seu poço ou trabalhar nos campos”, diz Kirby. A maioria descansa um dia por semana ou conforme necessário. Alguns dos rapazes recebem massagens até três vezes por semana, normalmente após suas sessões de treinamento mais difíceis.

 

 

Correr e correr

Foto: Divulgação

“Para correr rápido você precisa correr”, diz Wilkins. Embora tudo seja muito diferente, o programa de treinamento de cada atleta está em constante evolução para se adaptar a proficiências e ineficiências. “Geralmente, os corredores deste nível de elite não são flexíveis”, diz Wilkins. Contrariamente ao que alguns podem pensar, a pesquisa sugere que menos flexibilidade tende a ter uma correlação com um melhor desempenho. “A teoria é que as pernas mais rígidas perdem menos energia”, explica Wilkins. (Ele relaciona isso com uma mola rígida, que armazena e libera muito mais energia do que uma mais frouxa).

 

Dieta do dia a dia sem rigidez 

Nesse nível de elite, os corredores já sabem quais alimentos ajudam a melhorar suas corridas diárias, embora Wilkins e Kirby recomendem que os corredores façam refeições que tenham cerca de 50-75% de carboidratos, 20-30% de proteína e o restante o que eles quiserem. Além disso, os cientistas forneceram orientação específica para a ingestão de alimentos pós-treinamento. Por exemplo, eles destacaram a importância da ingestão imediata de proteínas e carboidratos após sessões de treinamento mais difíceis e, em alguns casos, onde os atletas não têm acesso rápido a refeições completas, eles os orientaram a ingerir uma bebida de recuperação.

 

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Eles acreditam na vantagem de altitude

Todos os três atletas vivem e fazem a maior parte de suas corridas em altitude. O acampamento de Kipchoge está localizado no Quênia, o de Desisa está na Etiópia e Tadese divide o tempo entre a Eritreia (onde mora) e a Espanha (onde mora seu treinador). “Como há menos oxigênio disponível em altitude, ao longo do tempo o número de glóbulos vermelhos pode aumentar, permitindo que seu sangue transporte e entregue mais oxigênio para os músculos”, explica Wilkins. “E quanto mais oxigênio seus músculos têm, melhor eles funcionam, o que pode ajudá-lo a correr mais longe, mais rápido.” A maior concentração de glóbulos vermelhos pode permanecer por até duas semanas depois que uma pessoa deixa a altitude, então a suposição é que o aumento de células sanguíneas proporciona uma vantagem competitiva ao nível do mar.

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