Não é novidade para ninguém que a pandemia causou diversos danos tanto para a saúde física quanto mental dos indivíduos, prejudicando inclusive aqueles que não foram contaminados pelo vírus. Dessa forma, com o aumento exponencial do estresse atualmente, muitas pessoas acabam descontando a ansiedade do dia a dia na comida, desenvolvendo até mesmo a problemas mais sérios, como a famosa compulsão alimentar.
Muitas pessoas que engordaram nesse período pandêmico nem sabem ao certo por qual motivo isso aconteceu. No entanto, não negam que, passando mais tempo em casa, nem sempre existe ânimo para praticar exercícios físicos.
Ademais, além da falta de exercícios, esse fácil acesso à comida, por estar em isolamento, é um fator primordial para ocorrer uma compulsão. “A alimentação pode ser uma forma de escape utilizada pela população para lidar com o atual contexto social. Contudo é necessário estar atento às mudanças alimentares durante o período”, explica Cyntia Maureen, nutricionista da Superbom.
Ansiedade e estresse podem engordar
É muito pouco falado, mas a condição emocional das pessoas podem influenciar no peso. A ansiedade de ser contaminado e o estresse por não poder realizar atividades de lazer podem gerar problemas mentais, e consequentemente, pode refletir na saúde física. “A ansiedade humana se manifesta de maneira diferente, de acordo com estímulos e situações do cotidiano. Na maioria das vezes ela é sempre uma resposta ao medo”, conta a psicóloga, Carine Lopes, da Zero Barreiras.
Segundo Lopes, o problema é quando esses medos impedem as pessoas de realizarem tarefas simples do cotidiano. Para amenizar toda essa exaustão, alguns buscam sensações de bem-estar no prazer da comida. Mas, dificilmente optam por alimentos saudáveis e quantidades moderadas. Como de praxe, pessoas ansiosas, geralmente, preferem comidas industrializadas, rápidas e calóricas.
De acordo com Ricardo Jonathan Feldman, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein, isso tem uma explicação científica. “O ato de comer leva a liberação de substâncias que trazem sensação de prazer ao corpo. Isso é importante para sermos estimulados a nos alimentarmos, caso contrário morreríamos de fome”, clarifica.
Além disso, pessoas depressivas e angustiadas podem usar esse mecanismo de forma inconsciente e abusar da comida sem perceber. Por isso, é muito importante ficar de olho para que esses hábitos não se transformem em uma rotina que pode gerar uma compulsão alimentar severa, algo que impacta diretamente a saúde física e mental do indivíduo. Gera ganho de peso e pode, inclusive, agravar o quadro ansioso.
Como evitar a compulsão alimentar
Para a comida não dominar a mente é preciso prestar atenção em cada detalhe dos hábitos cotidianos. E lembre-se: na pandemia esse cuidado deve ser redobrado, conforme explica Maureen: “é fundamental buscar formas alternativas de alimentação, que tenham propriedades mais saudáveis e que estimulem uma rotina equilibrada”.
Ademais, rever condutas diferentes da alimentar também pode ser uma boa saída para evitar quadros graves de compulsão alimentar. “Uma excelente opção para não descontar o emocional na comida é encontrar atividades mais eficientes, como a prática de exercícios físicos e uma rotina regular de sono. Esses cuidados podem auxiliar na redução de sintomas como a ansiedade e angústia, infelizmente mais comuns durante a pandemia”, afirma a nutricionista.
Vale ressaltar que muitas vezes é necessário um acompanhamento multidisciplinar com médicos e nutricionistas para reverter o quadro. O ideal é procurar ajuda especializada – garantia de tratar corretamente o problema.
Fontes: Saúde em Dia / Cyntia Maureen, nutricionista da Superbom; Carine Lopes, psicóloga da Zero Barreiras; Ricardo Jonathan Feldman, psiquiatra do Hospital Israelita Albert Einstein.
