Antigamente, era um padrão infantil: comer muito doce, se lambuzar com um hambúrguer ou disputar uma asinha de frango no churrasco de domingo. Contudo, atualmente já existem crianças veganas, que eliminaram desde cedo a carne, o ovo, o leite e seus derivados da dieta. A transformação, quando os pais já adotam a dieta, costuma ser mais tranquila, mas, no caso daqueles que se deparam com esta recusa alimentar do filho, é preciso ficar atento para garantir que todos os nutrientes estarão presentes às refeições.
Segundo a pediatra Aline Magnino, do Grupo ProntoBaby, a falta de alimentos de origem animal e de laticínios pode gerar uma deficiência de ferro, vitamina B12, cálcio e zinco, mais presentes na carne, frango e peixe. Por isso, diz ela, as crianças veganas precisam receber orientação de um pediatra, nutrólogo ou nutricionista. Estes profissionais vão poder indicar que alimentos devem ser ingeridos e também a quantidade necessária de cada um deles para manter as crianças e adolescentes saudáveis.
A deficiência do ferro pode ocasionar anemia, alterações do desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento do sistema imunológico e diminuição da capacidade ativa. O ferro presente nos vegetais, frutas e cereais possui um um biodisponibilidade menor do que a forma presente nas carnes, aves e peixes. Além disso, os fitatos, fibras, cálcio e polfenóis, que estão presentes em maior quantidade nas dietas veganas, diminuem a absorção do ferro”, alerta Aline.
Para aumentar a absorção do ferro, ensina a pediatra, existem alguns “truques”. Um deles é deixar o feijão de molho por cerca de 12 horas para diminuir os fitatos, que atrapalham a disponibilidade do mineral. Também é importante aumentar o consumo de farinha de trigo e de milho, de hortaliças como nabo e brócolis, e de frutas como limão e laranja. Aline lembra ainda que crianças até dois anos devem, independente da dieta, receber suplementação de ferro, uma recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Com algumas desvantagens, é importante que os pais desestimulem o veganismo? Claro que não. Ele também traz benefícios, como menor ingestão calórica e de gorduras saturadas, e maior consumo de vegetais, fibras e frutas.
“Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Associação Dietética Americana (ADA) e a Sociedade Canadense de Pediatria (SCP), uma dieta vegetariana orientada, acompanhada por um especialista, é capaz de promover o crescimento adequado a todas as crianças e adolescentes, desde que eles sejam monitorados e, algumas vezes, suplementados”, completa.