Para o neurologista Dr. Leandro Teles, a memória está entre as principais funções do cérebro. Mas, paradoxalmente, só lembramos dela quando ela começa a falhar e nos deixar na mão. “Na verdade, ela não é bem uma função, mas sim um processo com a participação de inúmeras funções sequenciais e para uma vivência se transformar em uma lembrança ela passa por uma maratona que está sujeita a inúmeras falhas, bugs e imperfeições”, diz o médico, que lançou recentemente o livro Antes que eu me esqueça.
Atualmente, grande parte da população adulta tem queixas de memória! Nosso ritmo de vida não é propício à boa memorização: alto grau de cobrança, falta de tempo, excesso de informações, privação de sono e inúmeros problemas emocionais, podem explicar, ao menos em parte, esse número elevado. “Quando o sistema fica falho, surgem os brancos, lapsos, esquecimentos, levando a constrangimento, baixa performance social, escolar e profissional. Pessoas esquecidas sentem-se frustradas, incomodadas, passam a confiar menos em si e desenvolvem o temor de estar diante de uma doença neurológica grave ou progressiva”, fala o neurologista.
Foto: iStock
Como ponto de base, a fixação da informação exige uma excelente percepção, boa triagem (atenção), um adequado sistema de quantificação de relevância e organização minuciosa da informação para uma futura evocação. “Na verdade, grande parte dos problemas de memória são decorrentes de oscilações transitórias em diversos pontos dessa cadeia, motivadas por hábitos e comportamentos inadequados. E mais importante: na grande maioria das vezes não existem um processo degenerativo cerebral, principalmente abaixo dos 65 anos”, fala Dr. Leandro.
Muita gente quer uma memória perfeita, mas não se dedica o suficiente para obtê-la! E ainda, se associarmos esses aspectos da vida moderna a questões clínicas, tais como distúrbios hormonais e quadros depressivos/ansiosos explicaremos grande parte da perda de capacidade cognitiva percebida subjetivamente por muitas pessoas.
Uma boa memória exige uma vivência adequada expressa em um cérebro apto, de modo eficiente. “Uma boa vivência é aquela intensa e multissensorial, com componentes emocionais e exposta por tempo adequado. Um cérebro apto é um cérebro engajado, envolvido na tarefa, concentrado, emocionalmente estável, clinicamente saudável e treinado”, diz o médico. Para melhorar memória, confira algumas dicas
Dicas para a memória
Fonte: Leandro Teles. Graduação e Residência Médica em Neurologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Médico Preceptor (atividade docente) do Departamento de Neurologia do HC-FMUSP e membro efetivo da ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA (ABN).