Nutrição

Fim da prescrição de anabolizantes: entenda o que muda na prática

A decisão foi publicada nessa terça-feira (10) no Diário Oficial da União

Anabolizantes - Shutterstock

O CFM (Conselho Federal de Medicina) vetou a prescrição médica de terapias hormonais, como esteroides androgênicos e anabolizantes para fins estéticos, ganho de massa muscular ou melhora do desempenho esportivo. O nutrólogo e diretor médico do Grupo HealthSculp, Dr. Alvaro Amaral, aprovou a proibição.

A celebração do nutrólogo com a medida

“Sem dúvidas, que para mim como médico nutrólogo é uma grande comemoração esse veto do CFM. Eu digo uma grande comemoração pela nutrologia ‘séria’. Porque uma coisa que tem acontecido muito no mercado são pessoas, que se autointitulam nutrólogos sem ter de fato o título de especialista na área, que vendem longevidade e saúde para os pacientes através de simplesmente uso de anabolizantes”, disse o doutor Alvaro com exclusividade para o Sport Life.

O outro motivo dessa comemoração desse nutrólogo é pelo fato de que muitos sujeitos associam o corpo musculoso com qualidade de vida. Sendo assim, o profissional reforçou que agora vai haver a valorização que a medicina merece.

“Muitas vezes as pessoas vinculam um corpo sarado e musculoso à saúde e que nem sempre isso é uma verdade. Não que você não possa ter um corpo definido com pouca massa gorda e mais massa magra, mas o problema é o meio que isso é realizado. Então, para mim é uma comemoração porque isso vai começar a valorizar quem faz medicina e que preza qualidade de vida, saúde e a longevidade de verdade. Através da realização da atividade física e mudanças no hábito de vida”, destacou Amaral.

Casos presenciados pelo doutor

Alvaro admitiu que foi testemunha de casos de pacientes que usaram anabolizantes para fins estéticos. O profissional citou que muitos dos seus clientes procuram outros profissionais para uso de anabolizantes e esses profissionais não explicam os perigos do uso desses produtos.

“Inclusive, eu já atendi um paciente com câncer de fígado, que nós tínhamos identificado através da solicitação de ultrassonografia de abdômen total. Nós não temos a certeza absoluta que está associado ao uso do anabolizante, mas como o paciente já fazia uso há muitos anos e não havia nenhuma história familiar pregressa de câncer de fígado, acabamos que ficamos com esse diagnóstico de provável desenvolvimento de câncer de fígado pelo uso indiscriminado e prolongado do anabolizante”, recordou o médico.

Saiba mais da proibição recente do CFM

Essa regra foi estabelecida devido a ausência da comprovação científica sobre o benefício e a segurança do paciente. O órgão ainda enfatiza a falta de estudos clínicos de boa qualidade metodológica que acusam a magnitude dos riscos associados à terapia hormonal androgênica em níveis acima dos fisiológicos para homens e mulheres.

Outro acréscimo dessa norma é que a reposição hormonal é sugerida para casos de deficiências específicas. Portanto, a nota do CFM cita que a indicação vale para “deficiências diagnosticadas cuja reposição mostra evidências de benefícios cientificamente comprovados”, afirmou.

“Uma das principais justificativas do uso do anabolizante é para pacientes que tem de fato a deficiência de testosterona comprovada clinicamente, laboratorialmente, que tem essa deficiência, com acompanhamento de um profissional especializado de perto. Pacientes com hipogonadismo é uma das indicações e mulheres com hipoatividade sexual. Muitas vezes, as mulheres nesse caso que é uma grande exceção. Isso é o protocolo internacional da Sociedade Americana de Endocrionologia”, argumentou o nutrólogo.

CFM também confirmou o veto de propaganda de anabolizantes em cursos, eventos e publicidades. Com propósito do uso para benefícios de terapias androgênicas, fins estéticos, de ganho de massa muscular ou aumento da performance esportiva.

O que fazer para ter o físico impecável sem o uso de substâncias duvidosas?

“Procurar um modo mais natural possível no sentido de realizar a atividade física regularmente. Pode começar devagar. Se você não pratica atividade física, começa uma, duas até chegar cinco vezes por semana, o que nós consideramos o ideal. Uma dieta equilibrada. De preferência procurar um profissional nutricionista que o ajude a montar essa rotina alimentar”, concluiu o Dr. Alvaro Amaral.

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