Por muito tempo, o fisiculturismo foi visto apenas como uma prática voltada para estética e músculos gigantes. Mas essa visão está em transformação. Hoje, seus fundamentos — como treinos organizados, alimentação planejada, descanso adequado e disciplina nos hábitos — têm atraído pessoas que buscam bem-estar, equilíbrio emocional e qualidade de vida, não necessariamente uma competição.
A Associação Brasileira de Academias (ACAD Brasil) divulgou em março de 2025 que o número de brasileiros praticando musculação com foco em saúde cresceu 18% entre 2022 e 2024, ultrapassando o crescimento entre aqueles que treinam apenas para competir. No cenário global, os dados também impressionam. Segundo o relatório Global Health & Fitness Market Outlook 2024, o mercado de academias movimentou US$ 104 bilhões em 2023. E isso foi impulsionado justamente pela demanda por programas que unem saúde física, mental e bem-estar.
“Existe um novo olhar sobre o fisiculturismo, que deixa de ser uma busca por um corpo específico. Ele passa a ser uma ferramenta poderosa de autoconhecimento e organização da rotina. É um método que melhora a relação da pessoa com ela mesma, com a disciplina e com a própria saúde”, afirma Leonardo Stocco, fisiculturista, fundador e sócio da BetterU, marca voltada à promoção da saúde integral.
A prática, antes restrita a quem sonhava com palcos e competições, vem sendo incorporada como recurso terapêutico. Um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine em 2024 apontou que treinos regulares de força e musculação estruturada reduzem em até 25% os sintomas de ansiedade e depressão, além de trazerem ganhos relevantes no sono e na autoestima.
Wellness bodybuilding
Esse movimento já tem até nome: wellness bodybuilding. De acordo com a Men’s Health (edição de abril de 2025), cresce o número de pessoas que seguem princípios do fisiculturismo. Porém, não para subir em um palco, mas para cultivar disciplina, melhorar a saúde mental e aumentar a longevidade. A tendência se fortalece principalmente entre profissionais que enfrentam altos níveis de estresse e pessoas em busca de rotinas mais equilibradas e sustentáveis.
“Venho praticando esportes desde jovem, como judô, ciclismo e musculação, e essa vivência me ajudou a entender que o fisiculturismo vai muito além da estética. Ele pode ser uma ferramenta para organizar a rotina e o autocuidado. Você pode até começar a treinar por estética, mas é muito comum continuar por saúde mental. A rotina exige constância, foco, respeito ao descanso e ao corpo — isso vira uma âncora para quem quer viver melhor”, complementa Leonardo.