O cigarro faz mal e isso não é nenhuma novidade. Mas que ele ajuda a acalmar naquelas horas em que parece que o mundo está virando de cabeça para baixo e que dá aquela sensação de prazer, isso é inegável. Por causa disso, muitos fumantes se veem num fogo cruzado entre duas ideias que são opostas: o mal (cigarro afeta a saúde) e o bem (inegavelmente ele traz prazer). Virar o jogo não é algo fácil, até porque há provas suficientes de que o fumo vicia. É a nicotina (o principal alcaloide da planta do tabaco) a responsável pela necessidade que o cigarro cria.
Quando ela é absorvida na forma de fumaça, leva apenas 10s para alcançar os alvéolos pulmonares, cair no sangue e chegar ao cérebro, estimulando e acalmando (sim, ambas as coisas) o sistema nervoso central. Por provocar dependência química, ela se torna o maior percalço para quem pretende se livrar do vício. Explica-se: o cérebro se acostuma a trabalhar sob o estímulo da nicotina. Quando ele é interrompido, corpo e cérebro são obrigados a lidar com a nova realidade. É a chamada crise de abstinência, cuja “força” pode variar de pessoa para pessoa, mas que vem acompanhada de sintomas como irritabilidade, dores de cabeça, sudorese, alterações do sono e do apetite e até depressão.
Por isso, virar o jogo não é tarefa fácil, embora esteja longe de ser impossível. “A corrida é muito eficiente em diversas fases do abandono do cigarro, principalmente por ajudar a combater a síndrome de abstinência e as fissuras, bastante frequentes. Além disso, a atividade física regular proporciona sensação de bem-estar graças à liberação da endorfina e melhora os sintomas provocados pelo tabagismo, como a diminuição do fôlego e da disposição para as atividades do dia a dia. Ela também ajuda a recuperar a autoestima, uma vez que auxilia no controle de peso, queixa frequente entre aqueles que estão querendo largar o vício”, diz Gustavo Magliocca, médico do exercício e do esporte da Clínica Care Club, em São Paulo (SP).