Saúde

“No pain, no gain”? Mitos e verdades sobre a dor muscular tardia

Expressão famosa indica que é necessário sentir dor para evoluir dentro da academia. Mas, não é bem assim

Saiba o que é a dor muscular tardia / Foto: Shutterstock

A dor muscular tardia (DMT) é aquele incômodo que aparece nos dias seguintes à realização de alguma atividade física intensa. Ela costuma atingir a musculatura e até mesmo articulações do corpo. Pode ser forte, leve ou moderada e tende a passar naturalmente, sem a necessidade de nenhum tipo de tratamento.

É normal sentir dor muscular tardia? Sim

“É uma resposta do organismo em defesa ao processo inflamatório responsável pelas dores musculares depois dos exercícios. Conhecido como dor muscular tardia (DMT) essa sensação de desconforto na musculatura ou de estar com o corpo travado é normal”, explica o fisioterapeuta Cadu Ramos.

Qualquer pessoa pode ter? Sim

“É aquela famosa dorzinha gostosa do outro dia, costuma aparecer cerca de 24h a 48h depois de um estímulo à qual o seu corpo não está condicionado. Os iniciantes sofrem bastante com essa dor, mas os atletas avançados que treinam muito pesado, a fim de superar suas marcas, também costumam continuar sentindo a DMT, ainda que em menor escala”, completa o treinador Leandro Twin.

Ela é necessária para a evolução? Não

Por aparecer com certa frequência, mesmo em indivíduos bem condicionados, muitas pessoas acreditam que a DMT, na verdade, funciona como um indicativo de que o treino foi realmente produtivo. Algo que está relacionado com a famosa frase “no pain, no gain”, que significa: sem dor, sem ganhos. Mas, isso, não necessariamente, é uma verdade absoluta.

“Essa dor não está ligada aos ganhos. A maioria das pessoas não sente dor muscular tardia, principalmente quem treina com maior frequência ABC 2X. Quem treina cada grupamento muscular uma vez por semana costuma sentir mais por conta da menor frequência entre os treinos, mas não necessariamente gera mais resultados” revela Twin.

Posso treinar com dor? Depende

A DMT também tem uma certa relação com a recuperação muscular. Por isso, a recomendação básica é dar um intervalo entre as atividades, para que o organismo se livre do incômodo e se prepare para um novo estímulo na região que ficou dolorida. “É preciso ter cautela e respeitar os limites do corpo no próximo treino ou dar mais um dia de descanso naquela semana”, orienta Cadu.

No entanto, para pessoas mais avançadas na prática esportiva, é possível realizar um trabalho específico, onde treinar com dor seja necessário. “Existe um momento da periodização em que aplicamos uma carga de treinamento muito intensa, chamada: carga de choque. Esse tipo de treinamento envolve em atacar o músculo de uma maneira muito severa a fim de que, quando ele for se recuperar, tenha uma supercompensação e quebre um platô. É muito utilizada quando o indivíduo se encontra em platô ou chegando em um”, revela Twin.

Mas, o treinador alerta: “carga de choque deve ser programada e, posteriormente à ela, obrigatoriamente deve-se vir uma carga regenerativa. Se for aplicada uma carga normal de treinamento (estabilizadora ou ordinária) nós corremos um sério risco de lesão ou de overtraining”.

Tudo bem se demorar para a dor passar? Não

Se a dor não diminuir em até 72 horas, for aguda e latente, semelhante à uma pontada, ou acompanhada de hematomas, vermelhidão e inchaço, pode ser que exista uma lesão mais séria. Nesse caso, o ideal é procurar ajuda profissional o mais rápido possível.

“É importante saber que a atividade física é sinônimo de saúde e antônimo de dor. Se qualquer incômodo não amenizar com dois dias de pausa nos treinos é essencial não negligenciar ajuda. A reabilitação, na maioria das vezes, permite o retorno aos treinos muito mais rápido e é bem mais eficaz do que a insistência em se recuperar sozinho e acabar criando um problema ainda maior”, finaliza Cadu.

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