Esporte

Ikaro Kadoshi: drag queen usa o esporte para combater preconceito

Artista se considera um ativista incansável na causa LGBTQIAPN+

Ikaro Kadoshi em dia de jogo na Neo Química Arena - Foto: Arquivo pessoal

Ikaro Kadoshi, nome artístico que pertence ao Tiago Liberato, “joga nas 11” quando o assunto é arte, afinal, trabalha como jornalista, apresentador, roteirista, palestrante, mestre de cerimônias e criador de conteúdo digital. Além desses trabalhos, Ikaro também usa o esporte como combate ao preconceito.

O impacto do esporte na vida de Ikaro Kadoshi

“Eu posso afirmar que o esporte salvou a minha vida. Eu sempre fui uma criança muito delicada, feminina e muito silenciosa. Então, era um ‘prato cheio’ para sofrer bullying nas escolas. Eu pensei em desistir porque estava muito pesado até que começou a ter a aula de educação física. Eu me senti vivo pela primeira vez quando comecei a jogar”, disse Ikaro em entrevista exclusiva para o Sport Life.

Dessa forma, Kadoshi se baseou por meio da prática esportiva para enfrentar o bullying e o preconceito que sofreu por sua sexualidade na juventude. Afinal, houve casos em que evitou de usar o banheiro masculino para não sofrer agressão e precisou ir embora da escola escoltado pela polícia.

Esse período o permitiu nutrir as paixões pelo futebol de salão e atletismo. Um professor de educação identificou o seu talento e pediu para que não desistisse dessas modalidades.

“Eu me sentia vivo no sentido de me movimentar e de me sentir útil de alguma forma, principalmente pelo que o esporte causa. Foi a primeira vez que as pessoas viram que eu sou bom naquilo que eu estava fazendo. Elas pararam de me xingar ou fazer bullying para começar a torcer por mim”, recordou o artista.

O artista também conseguiu a façanha de ser a primeira drag queen com parceria exclusiva com a marca Nike no Brasil, o que denota um marco significativo para a comunidade LGBTQIAPN+ e para a representatividade na indústria esportiva.

A relação de Ikaro Kadoshi com o Corinthians, o seu time de coração

28 de junho é celebrado anualmente como Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ e em 2022 Ikaro desfrutou desse dia pela primeira vez “ao lado” do Timão na Neo Química Arena diante do Boca Juniors pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores da América, partida que terminou em 0 x 0.

“Foi uma surpresa muito grande para mim conseguir ir aos 41 anos de idade pela primeira vez assistir o meu time de coração. Não vou dizer que foi fácil porque ficamos tensos. É um local que você sabe que geralmente os gritos são de diminuição do outro por causa da sua sexualidade. Já fico muito apreensivo, mas eu fui extremamente bem tratado desde a hora que cheguei”, lembrou.

Na ocasião, Kadoshi acompanhou essa partida pelos setores oeste premium e vip e separado por medidas de proteção. “A emoção de finalmente poder ir ao estádio como eu sou, com meu trabalho e poder gritar pelo time que eu torço a vida inteira foi uma das emoções que eu jamais vou esquecer na vida”, admitiu.

Início de carreira como drag queen

Ikaro iniciou no projeto da “Caravana das Drags” como consultor do programa, cuja função consistia em ensinar as pessoas envolvidas no projeto sobre a cultura Drag, exemplos: o que era trabalhar como drag, dificuldades e dúvidas. Esse processo o ajudou a ser convidado para um teste de apresentador do programa.

Esse convite o convenceu a persistir no seu sonho de ser a “Hebe Camargo” das Drag Queens, apresentadora que sempre a admirou. O programa lançado em abril de 2023 para o mundo inteiro é a primeira competição, que mostra o Brasil e a cultura brasileira por meio do olhar das Drag Queens, o que coloca todos os seus talentos à prova.

A primeira temporada do programa conta com oito episódios e um especial com dez participantes em que as competidoras se deslocam para o Rio de Janeiro, Goiânia, Diamantina (MG), Salvador, Recife, Fortaleza, São Luís e Belém para obter inspirações e repertório em diferentes tradições.

“Foi um processo lindo. Eu tenho um orgulho gigante da nossa arte ser vista naquela tela. Ainda não tínhamos no Brasil um programa que mostrasse todas as nuances e talentos da Drag Queen brasileira. Ser o fio condutor dessa jornada é o meu maior presente”, comentou.

Feitos recentes de Ikaro

Ikaro fez história como a primeira Drag a apresentar um programa de TV na América Latina, o “Drag Me As A Queen”, do canal E!, no ano de 2016 e que ao todo contou com quatro temporadas.

Já em 2021 tornou-se a primeira Drag Queen a apresentar o Miss Universo transmitido pelo canal TNT, oportunidade que o ajudou a apresentar os programas de esquenta do Emmy (2021) e Oscar (2022) na TNT, fato inédito na história dessa comunidade LGBTQIAPN+.

Ikaro se apresentou em diversas boates LGBTQIAPN+ do Brasil e em dez países diferentes nos seus 23 anos de carreira. Se orgulha de estar nos projetos que acredita, sempre preza pelos novos desafios e o fomento da arte Drag no Brasil. Também está entre as 60 melhores Drag Queens do mundo pela Revista Americana Out, sendo uma das duas brasileiras na lista.

Atualmente, Ikaro está presente no streaming como apresentador do reality show “Caravana das Drags”, ao lado de Xuxa Meneghel no Prime Video. “O mundo ainda está começando a entender os potenciais que uma drag queen traz. A minha arte é uma mais de paciência e amor do que qualquer outra coisa”, concluiu Ikaro Kadoshi.

Veja a entrevista na íntegra

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