Se existe um problema ortopédico que pode afetar de maneira significativa o quadril e a carreira dos esportistas e atletas amadores é o tal do impacto femoroacetabular. Já ouviu falar dele? Antes de mais nada, é preciso inicialmente compreender que essas pessoas começaram a treinar e praticar atividade física muito cedo em suas vidas.
Mas, é preciso lembrar que “as práticas de algumas modalidades esportivas levam a um alto grau rotacional da articulação do quadril, por exemplo, o futebol, o hóquei, o tênis e as artes marciais, dentre outros”, observa o médico ortopedista Dr. David Gusmão. Mas também há aqueles que não levam a uma vida dedicada ao esporte, “mas possuem características genéticas que indicam se são mais susceptíveis a sofrer essas alterações”, acrescenta.
É preciso compreender ainda que alterações são essas. Segundo Dr. David, “o nosso esqueleto é muito moldável durante o processo de crescimento. E com isso a articulação no quadril também pode sofrer alterações em seu formato. Isso acontece principalmente quando muitas forças passam por esta articulação, especialmente na pré-adolescência”.
Vale lembrar que, em estudos feitos em vários locais do mundo, médicos já perceberam que quando a criança e o jovem participam de treinamentos intensos e intensos, em comparação àquelas que não participaram destes exercícios, essas primeiras desenvolvem uma frequência muito maior de sofrer o impacto femoroacetabular. “Quem não pratica atividade física pode ter em torno de 15% de alterações nas articulações do quadril. Já os esportistas podem ter essa diferença em torno de 70%”.
O grande problema de tudo isso, revela Dr. Gusmão, é que esse desgaste precoce acontece de forma silenciosa, daí a dificuldade de profissionais para identificá-lo a tempo: “A pessoa pode sentir uma sensação de desconforto na articulação do quadril, ou uma distensão do músculo, e acaba tratando isso. Essa dor acaba indo e voltando após a pessoa realizar atividade física. Dores na região da virilha também podem acontecer de forma recorrente, então o ideal é que sejam investigadas”, ressalta.
Assim, o que acontece é que com esta situação, “a pessoa acaba tratando o sintoma, e não a causa”, lamenta o ortopedista. Mas uma boa notícia, pondera Dr. Gusmão, é que as técnicas atuais permitem que este problema seja descoberto a tempo, e, consequentemente, carreiras sejam salvas. “Com o devido tratamento, a pessoa ficará livre das dores no quadril e poderá seguir normalmente sua trajetória, não correndo risco de acontecer o mesmo que ocorreu com o Guga”, completa. Sim, para quem não sabe, esta foi uma das principais razões que levou o tenista Gustavo Kuerten a abandonar a carreira.