Foto: Reprodução/Facebook
Entre tantas mulheres que trabalham e se desdobram para cuidar da família, Marineide, ou simplesmente Neide, foi além: transformou um momento de dor (a perda do filho) em várias histórias felizes, por meio de seu projeto, o Vida Corrida. O objetivo dessa empreitada, que começou em 1999, é incentivar as pessoas (em especial as mulheres) a mudarem suas vidas por meio da corrida. Neide contou à Sport Life um pouquinho de sua trajetória e como o seu sonho já mudou a vida de muita gente.
EM TEMPO: Neide é uma das finalistas do Prêmio Claudia 2016. Para conhecer mais sobre a história dela e votar, clique aqui.
Como começou o Vida Corrida?
Sempre acreditei que o esporte muda vidas, inclusive a minha. Na época do início do projeto, eu trabalhava em uma oficina de costura durante o dia e estudava à noite. No meu tempo livre, eu corria nas ruas do meu bairro, Capão Redondo, onde continuo vivendo. Algumas mulheres da comunidade viram em mim a oportunidade de começar a correr. Todas que me procuravam queriam participar da São Silvestre, que era a única prova que conheciam e que eu tinha acabado de completar. Eu estava em férias e disse que as treinaria. Mas, e depois? Percebi que não poderia deixá-las e continuei com os treinos, que aconteciam bem de manhãzinha. Em pouco tempo, o número de mulheres foi aumentando. Um de meus filhos me deu a ideia de treinar as crianças do bairro e a minha primeira reação foi dizer “não”. Quase dois anos depois, ele foi morto em um assalto, justamente por uma criança. Foi quando me dei conta de que meu propósito era maior. Hoje, o projeto Vida Corrida atende mais de 350 pessoas, das quais 87% são meninas e mulheres dos 4 aos 80 anos.
Foto: Reprodução/Facebook
Você se sente responsável por cada pessoa que passa pelo projeto. Que histórias destaca?
Desde que comecei o Vida Corrida, minha responsabilidade vem se tornando cada vez maior por conta do crescimento da ONG. Por isso, percebo que minha conduta e valores têm que ser a força desse propósito. No ano passado, assisti a um depoimento de uma das integrantes do projeto, Maria do Livramento. Ela disse que o Vida lhe deu autonomia, pois sempre vivera em função dos outros. Hoje, segundo ela, é capaz de cuidar de si mesma e fazer o que mais ama: correr. Entre tantas histórias de superação, também cito o caso do Jonathan Santos, que começou brincando e atualmente treina com Adauto Domingos, ao lado de seu grande ídolo, o atleta Marilson Gomes dos Santos. Esse rapazinho conquistou uma medalha de bronze na Colômbia e já se consagrou vice-campeão brasileiro da categoria Menor.
Como é a rotina dos treinos? Todo mundo pode participar?
Todos os que moram na comunidade do Capão Redondo e que desejam começar a correr ou caminhar podem participar. No começo, há aulas experimentais, em que um de nossos professores voluntários avalia o nível de condicionamento da pessoa. Depois, basta levar a documentação para poder se inscrever e, a seguir, entregamos à pessoa o material esportivo. Tudo de graça. Fazemos treinos educativos, de aquecimento, de força, de velocidade, alongamento, sempre com o acompanhamento de professores. Além disso, contamos com aulas de ioga e de inglês, ministradas por voluntários americanos, funcionários da Nike do Brasil. Ainda não temos filiais, mas pretendo levar o Vida para outras comunidades carentes.
