Esporte

Wallace Santos: da depressão até o pódio em Tóquio 2020

Atleta compartilhou a sua trajetória em entrevista para o Sport Life

Wallace Santos - Foto: Wander Roberto/CPB @wander_imagem

O ícone do basquete nacional Hélio Rubens Garcia enfatiza que o esporte é a melhor metáfora da vida. Pensamento que se encaixa para quem se espelha em esportistas para alcançar aquilo que quer na vida. O atleta paralímpico Wallace Santos, de 38 anos, figura como esse tipo de exemplo, ou seja, superou a depressão e conseguiu o pódio nas Paraolimpíadas de Tóquio 2020.

A vida antes da mudança

Wallace é nascido em 22 de julho de 1984, na cidade do Rio de Janeiro, torcedor do Vasco, trabalhador desde cedo, alimentava-se de maneira tranquila e mantinha-se ativo no futebol e corrida sem nenhuma pretensão de tornar-se profissional. Portanto, levou uma vida igual comum. “Eu gostava de jogar bola sem esperar nada (profissional)”, relembra Wallace em entrevista exclusiva para o Sport Life.

O acidente

Santos era funcionário de uma empresa de ônibus em 2007, trabalhava na troca de pneu de um automóvel até que não houve o suporte nesse veículo que estava até que cedeu. Esse episódio causou a fraturou em uma vértebra da sua coluna, ou seja, o deixou paraplégico.

O acidente fez com que Wallace ficasse dentro de casa por muito tempo sem o que fazer. Assim, foi questão de tempo para entrar em depressão. Essa fatalidade até então impediu de viver como gostava.

“Eu não sabia o que fazer. Era novo, 21 anos, o meu filho estava com seis meses e aquilo me deixou muito triste. Criava machucados por ficar deitado e sem querer saber de nada. Pensava: ‘fiz o meu filho e agora não vou poder cuidar?’. Isso abalava muito o meu psicológico  e me deixava sem vontade de sair de casa”, relembra o atleta paralímpico.

Recomeço

Wallace foi incentivado a ingressar em um esporte de maneira despretensiosa pela sua mãe, Cassia Santos, que ficava entediada por vê-lo dentro de casa triste e simplesmente esbravejou em um dia que queria ter o seu filho revigorado. Esse “atrito” motivou Wallace a ir atrás de algum projeto de iniciação esportiva paralímpica.

O carioca ingressou no “Projeto Renascer, Servir e Proteger”, do clube da PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro). A escolha pelo arremesso de peso foi “amor à primeira vista. Inclusive, a dificuldade inicial foi o estímulo para Wallace se firmar nessa modalidade. O paratleta passou a competir pela classe F-55 (categoria destinada para quem é cadeirante).

“Eu fui fazer o teste e joguei tão perto. A treinadora até brincou comigo que quase acertei o meu pé. Aquilo ali acabou que mexeu comigo a querer vencer e por mais. Eu vi também que poderia ter uma ‘vida’ no arremesso de peso, não iria depender de ninguém e só do meu esforço”, comenta.

Ascensão

Wallace treinou seis meses na temporada de 2013, passou a ser presença nos campeonatos e conquistou o brasileiro com direito ao recorde nacional. Esses fatos permitiram a sua notoriedade no esporte paralímpico e foi questão de tempo para ser “figura carimbada” nas convocações da Seleção Brasileira. “Foi ali em 2013 que eu senti que ninguém poderia mais me segurar”, recorda.

Imprevisto como combustível para o auge

O primeiro obstáculo de Santos como arremessador de peso aconteceu nas Paraolimpíadas do Rio de Janeiro de 2016. Impressionado pela disputa “dentro de casa” com apoio próximo da família, arremessou 9,19m e encerrou a sua participação na nona classificação geral.

Wallace não desanimou quanto a periodização dos treinos, ganhou outro índice paraolímpico depois do revés da Rio 2016 com a sua vaga nas Paraolimpíadas de Tóquio 2020. O resultado foi a sua conquista da medalha de ouro depois de “construir” a marca de 12,63m.

Esse título ainda interferiu na “destruição” do antigo recorde mundial da prova, cujo índice pertencia ao búlgaro Ruzhdi Ruzdhi com 12,47m. Santos ocupou o lugar alto do pódio com o próprio Ruzhdi no segundo lugar e o polonês Lech Stoltman em terceiro com o desempenho de 12,15m.

O paratleta dedicou o seu título para Jurema Henrique, a sua treinadora que o acolheu em sua primeira avaliação no clube da PMERJ, e ao seu tio Jorge, pessoa que considera como referência na sua criação.

“Posso dizer que foi o meu auge (medalha de ouro em Tóquio). Eu ainda acredito que tenho muita coisa a acrescentar. O auge é tudo uma periodização, que vemos no ano todo para chegar à prova ‘alvo’ e acertar. Eu tenho muita lenha para queimar e buscar o bicampeonato na próxima paraolimpíada”, pondera.

Novas metas

O Open Internacional de Atletismo será realizado de 30 de março até 1° de abril no Centro de Treinamento Paralímpico, na cidade de São Paulo. Já o Mundial Paralímpico de Atletismo de 2023 será promovido pela FFH (Federação Francesa de Handisport) e Comitê Paralímpico da França com duração de 8 a 17 de julho de 2023 dentro do Estádio Charlety, na capital francesa Paris.

Wallace vai estar nessas competições e deixou a modéstia em segundo plano quanto aos seus objetivos em curto prazo. “Eu quero começar o ano forte com índice alto para estar em Paris (Mundial). O ano é pesado e há o Mundial onde quero bater recorde e ser campeão mundial. É dar o melhor nas provas que tiver para chegar bem concentrado ao Mundial”, encerra.

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