A Copa São Paulo de Futebol Júnior é o torneio que oferece chance aos jogadores novatos, que vingam ou não no futuro próximo pelo profissional. Quem se enquadra nessa situação é Sérgio Mota. O então jovem meia do São Paulo de 18 anos despontou na Copinha como “novo Kaká” em 2007. Passados esses 16 anos, como está o meio-campista aos 33 anos de idade?
O atual momento
Atualmente, o atleta faz parte da equipe do Oeste para disputa do Paulista da Série A-2. O Rubrão bateu na trave com acesso em 2022 quando caiu na semifinal diante do São Bento nos pênaltis e deposita a sua esperança no futebol do Mota para voltar à elite do Estado de São Paulo.
“Momento delicado que passamos depois da eliminação porque estávamos muito próximo do acesso, mas deixamos escapar. No futebol, tudo é possível e aquele jogo mostrou isso. Fica a lição que temos que estar preparado a todo instante enquanto não acaba a partida”, disse Sérgio Mota com exclusividade para o Sport Life.
O primeiro compromisso do Oeste na A2 será em 15 de janeiro contra o Monte Azul Paulista, fora de casa. O time da Grande São Paulo vai medir forças neste objetivo contra equipes tradicionais do interior e da capital paulista, exemplos: Ponte Preta, Comercial, XV de Piracicaba, Noroeste, Juventus e São Caetano.
“A cada ano o nível da A2 vai elevando. As equipes estão se preparando muito mais. Então, creio que vai ser uma competição muito disputada e acirrada. Temos totais condições de fazer uma excelente competição”, opinou Mota sobre o nível de competitividade da divisão de acesso do Campeonato Paulista.
Passado são-paulino como novo Kaká
Sérgio administra a carreira com tranquilidade, concentra-se na principal meta do Oeste no primeiro semestre de 2023 e ainda assim há o “rótulo” que sempre lhe persegue: novo Kaká. O motivo desse status foi graças ao seu desempenho na Copinha de 2007, que culminou com vice do São Paulo frente ao Cruzeiro.
O novo Kaká era o “maestro” do time do treinador Marcos Vizoli, não à toa usou a camisa 10, era o primeiro candidato da bola parada, apresentava bons chutes com a perna esquerda e a cada jogo deixou os são-paulinos sonharem com seu espaço no profissional. Porém, a expectativa foi bem diferente da realidade.
“Atrapalhou (apelido de novo Kaká). Era jovem e do nada surgiu esse rótulo. Então, para um menino recém promovido ao profissional com o rótulo de Kaká acabou atrapalhando. Faltou maturidade e acompanhamento que eu não tive naquele momento”, admitiu o jogador.
Sérgio foi alçado ao profissional ainda em 2007 junto com o zagueiro Breno, “sentiu” a concorrência que havia no CT da Barra Funda com Dagoberto, Borges, Aloísio, Leandro e sequer ganhou minutos dentro de campo. Essa falta de espaço o colocou em “rota” de empréstimos para o Toledo-PR, Ceará, Icasa-CE e Santo André, time em que ficou sem vínculo com São Paulo a partir de 2012.
Finanças ok e sem mágoas
Mota não culpou ninguém pelo seu episódio no profissional do São Paulo, valorizou a experiência que ganhou no futebol chinês e estadunidense e encontra-se nesse momento com a vida financeira acertada após consolidar um restaurante em São José do Campos (SP) e pela construção de um centro esportivo no próprio município joseense.
Sérgio ainda assim admite que um acompanhamento com um psicólogo poderia ter lhe ajudado no tempo em que era tratado como promessa tricolor. “Com certeza seria muito importante (a terapia), mas naquele momento não tive. Eu faço hoje em dia e sei o quão é importante”, garantiu.
Psicologia do esporte
É o tipo de trabalho tanto para o jogador novato quanto aquele que lida com as cobranças no profissional. O estudo da Fifpro (Federação Internacional de Atletas) divulgado no segundo semestre de 2021 acusou que há a parte de 23% dos jogadores em atividade com transtorno do sono, outro grupo de 9% admitiu que convive com depressão e a parte do 7% apresenta sintomas de ansiedade.
“Grandes clubes do Brasil têm esse investimento, mas aplicam muito para as categorias de base. O que eu acho que ainda é uma barreira é sair dessa única atuação para base. Levar isso tanto para o alto rendimento do futebol feminino e masculino. Alguns técnicos estrangeiros até pedem para ter esse acompanhamento. Passo a passo a psicologia vai ganhando espaço”, comentou o especialista em análise do comportamento Henrique Carpigiani em entrevista exclusiva para o Sport Life.
É o trabalho que cresce nos clubes brasileiros, mas dentro da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) está em falta. O então técnico Tite montou a sua comissão técnica e não solicitou o trabalho de um psicólogo. O que se viu após a eliminação brasileira para Croácia nas quartas de final da Copa do Mundo de 2022 foram jogadores abalados, exemplos: Neymar, Antony e Rodrygo.
“O Tite centralizou demais essa parte que caberia um profissional especializado. Até por uma característica do Tite de ser bom no trato com os jogadores. Não acho que botou uma psicologia do esporte o Brasil vai ser campeão. É fatorial. Certamente fica evidente a dificuldade que temos de avançar de fase. Então, talvez um trabalho completo com jogador e comissão técnica favoreceria as próximas seleções que veremos por aí”, encerrou Carpigiani.
Quem é ele?
Henrique Carpigiani também atua com psicologia do esporte, gestão estratégica de pessoas e foi psicólogo da seleção principal de natação da Unisanta (Universidade Santa Cecília) de 2013 a 2018. Henrique neste momento é sócio da “Carpsi” e da “TribeTeam”, empresas com propostas em psicologia, esporte e performance.