O fim de ano não remete apenas as festividades de natal e réveillon, ou seja, o último dia do calendário também é marcado pela São Silvestre, competição de atletismo feita na cidade de São Paulo. Não sabe como se preparar? Se liga então nas quatro dicas do preparador físico Cassio Lucca para participar pela primeira vez da São Silvestre.
DICAS
Preparação
A vontade de se preparar precisa ser maior do que a vontade de vencer. Pode parecer clichê, mas não é. Ainda mais tratando-se dessa competição tradicional do Brasil, ou seja, é o requisito básico para quem quer competir pelas ruas do centro da capital paulista.
“Sabemos que muitos não possuem o mínimo de preparação e se deixam levar pelo entusiasmo de amigos e colegas. Portanto, a preparação consiste em pelo menos antecipadamente de três a quatro meses, que se antecedem a corrida. O nosso organismo e nossa estrutura músculo-tendínea precisam estar adaptados a estes traumas (impactos da corrida em nosso corpo). Bem como o nosso coração a fim de evitarmos possíveis lesões durante o percurso em si e até mesmo um infarto agudo do miocárdio. Além da liberação médica para se realizar o exercício em si, planejamento para os trabalhos de força, flexibilidade e resistência física”, alertou Cassio.
Treinos Contínuos Intensivos e Extensivos
“Os treinos de caminhada e corrida constante, sendo esse a base para uma evolução segura. Esses aumentam e melhoram o seu condicionamento físico – o VO2 Máximo, para que desta forma o seu coração possa estar capaz de sofrer menos estresse durante os 15 km. Sofre o menos possível, pois estará mais treinado, evita possível risco cardíaco e deixa você apto a percorrer os tradicionais 15 km pelas ruas de São Paulo”, disse Lucca.
Treino Intervalados Intensivos e Extensivos
Pegou o gosto pela corrida e sonha em estar presente na São Silvestre. Essa recomendação de Cassio vai lhe ajudar nesta realização em 31 de dezembro de 2022.
“Esses treinos são imprescindíveis para a melhora da sua condição cardiovascular (interação entre captação de oxigênio, oferta ao músculo e geração de energia mecânica). Eleva essa forma, o seu nível físico (aumento do seu VO2 Máximo) para que você sustente, corra de forma natural, com intensidade e velocidade maior aos 15 km. Os treinos intervalados contínuos e intervalados devem fazer parte de sua programação de treino”, advertiu.
Força e Resistência Muscular
“Não podemos pensar em deixar de lado esses treinos, pois são esses que vão nos estruturar para que corremos melhor e suportamos mais as demandas exigidas na corrida. Melhoram a nossa resposta rápida da pisada ao solo (economia de energia), evita menor impacto, possível lesão, nos dão mais estabilidade e força de core (região central do organismo). Também afim de nos manter em equilíbrio constante entre membros superiores e inferiores durante a corrida. Aumentam a resistência em suportar os repetitivos gestos motores da corrida e evita fadiga precoce, advinda da falta desses treinamentos”, concluiu.
QUEM É ELE
Cassio Lucca formou-se em Educação Física pela Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto), concluiu a sua pós-graduação em fisiologia do exercício na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e realizou Extensão Personal Trainer/Grupos Especiais, no Cefema/Bradhon, em Araraquara (SP). Define-se também como adepto dos treinos e provas de corrida.
HISTÓRIA
A São Silvestre foi idealizada em 1924 pelo advogado e jornalista Cásper Líbero. Era realizada à noite e as suas primeiras versões aconteceram com percurso de 8,8 km. As mulheres fizeram parte em 1975. A partir de 1991, foram instituídos os 15 km. O queniano Paul Tergat é o detentor do recorde de tempo e atingiu cinco vitórias. O circuito começou a ser feito durante o dia em 1989.
DEPOIMENTO
Rafael Gonçalves está com 39 anos, é jornalista esportivo, nasceu e mora em Ribeirão Preto (SP), administra a mídia de corrida VaiCorrendo e é corredor amador desde novembro de 2010. Participou de 257 provas oficiais, nove São Silvestres seguidas e o seu objetivo é a décima em 2022.
A sua longa experiência nas pistas permite aconselhar para quem quer competir pela primeira vez na São Silvestre, acusou qual é o detalhe fundamental para boa execução dessa prova e descreveu a sensação de estar no meio de muitas pessoas na Avenida Paulista.
“Quem corre precisa fazer a São Silvestre pelo menos uma vez na vida. É uma prova que exige paciência porque nós atletas amadores largamos no meio da ‘muvuca’. Os dois primeiros quilômetros são difíceis porque é tanta gente, que forma aquele cordão de isolamento e não consegue impor o seu ritmo. Tem uma mística envolvida, astral muito legal e você se emociona durante a prova. É como se você estivesse entrando em campo e jogando no estádio que o Ronaldo Fenômeno estava. São Silvestre é a ‘rainha’ das provas. Ela difere das demais”, finalizou.
