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Primeira morte entre torcidas no Brasil ainda não foi solucionada

33 anos depois, podcast investiga episódio que pode ter marcado o começo de uma era sangrenta nas arquibancadas brasileiras

Morte de Cléo ainda é incógnita
Mancha Verde homenageando Cléo em jogo do Palmeiras / Foto: Reprodução Instagram: @manchaverdetorcida

O primeiro registro, que se tem conhecimento, sobre um assassinato envolvendo líderes de torcidas organizadas no Brasil é o caso de Cleofas Sóstenes Dantas da Silva. Ou apenas Cléo, ex-presidente e fundador da Mancha Verde, principal torcida do Palmeiras. No ano de 1988, aos 24 anos de idade, ele foi assassinado com dois tiros, na zona oeste da capital paulista.

O motivo e os culpados pelo crime, até hoje, são incógnitas para as autoridades que investigaram o caso na época. No entanto, entre as pessoas que eram próximas de Cléo, existe uma crença muito forte de que o a morte teria sido vingança de outra torcida rival, após briga em que a Mancha Verde teria levado a melhor.

O grande fato é que, até então, segundo os envolvidos, as brigas entre torcedores obedeciam a uma espécie de código de conduta não oficial. Onde os confrontos deveriam ser realizados sem nenhum artefato – apenas “na mão” –, os membros das torcidas só podiam brigar com quem também estava disposto a duelar e não era permitido bater em quem estava no chão. As medidas foram idealizadas para evitar possíveis mortes entre os envolvidos.

No entanto, após mais uma dessas brigas, uma torcida que acabou “perdendo” o confronto iniciou um plano de vingança, que culminou na morte de Cléo e abriu um triste precedente para casos de mortes entre torcidas organizadas no Brasil. Ao menos, é o que contam alguns integrantes antigos da Mancha Verde, que viram de perto todos esses acontecimentos.

O caso, na época, gerou imensa revolta entre os membros da organizada palmeirense e contribuiu para uma série de episódios lamentáveis envolvendo torcedores de futebol pelo Brasil. Conforme investigação conduzida pelo podcast “Sobre Meninos e Porcos”, do UOL, o caso ainda é cercado de incertezas e acusações que não conseguiram ser respondidas pela justiça.

É fato que, após o assassinato de Cléo, o clima entre as torcidas organizadas, principalmente em São Paulo, ficou mais tenso e pesado. Motivo que culminou em diversas outras brigas, com mortes e notas lamentáveis. No entanto, é praticamente impossível imaginar que os confrontos de antigamente, com código de conduta e tudo, não iriam evoluir para casos de violência generalizada, com paus, pedras, barras de ferro e até mesmo armas de fogo.

O caso Cléo foi o início de uma era sangrenta no futebol brasileiro, que parece já ter vivido seus piores dias, mas que ainda é motivo de preocupação e insegurança em determinados jogos. O podcast “Sobre Meninos e Porcos” traz uma série de episódios que investigam as origens desses acontecimentos e está disponível no canal do UOL, no YouTube.

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