“O Brasil é cheio de caminhos.” Com essa frase em mente, o regente de coral Cesar Cerasomma entrou em uma jornada de 200 km até o Pico da Bandeira. Segundo ele, sempre gostou de andar e correr; em 2012, participou de uma caminhada de 800 km no Caminho de Santiago começando na França e terminando na Espanha. Um caminho cheio de belas paisagens e muitos desafios, porque certamente uma caminhada de 800 km não é pra qualquer um.
O paulista disse que ficou em casas de pessoas que moram pelo percurso, e foi muito bem tratado. O caminho começa na Zona da Mata mineira, no sul de Minas Gerais, entre o norte do Rio de Janeiro e o sul do Espírito Santo; nesses 200 km ele passou por matas, cavernas, fazendas, cachoeiras e antigas ferrovias. E claro, ficou fascinado com tudo que viu principalmente com toda a beleza presente nesses locais
Quando você começou a fazer grandes caminhadas? Você tinha alguma ideia do que ia enfrentar nessa jornada de 200 km?
A primeira grande caminhada que fiz foi em 2012, o Caminho de Santiago, 800 km atravessando a Espanha desde Saint Jean Pied de Port (França) até Santiago de Compostela. Desde a minha adolescência sempre tive vontade de percorrer este caminho, há uns 10 anos atrás me associei a ACACS (Associação de Confrades e Amigos do Caminho de Santiago) e comecei a fazer umas caminhadas preparatórias de um ou dois dias com eles. E depois dessa tenho feito outras mais. O Brasil é cheio de “caminhos”. Sabia que era um caminho bem puxado mas o excesso de calor acabou tornando mais difícil ainda. E como não há paradas intermediárias, tem dias que você precisa andar muitos quilômetros para chegar na próxima cidade.
Todo o material que você levou resistiu até o fim desses 200 km? Que tipo de roupa você usou, o que levava na mochila, quantos quilos tinha sua mochila, foi suficiente? Como se abasteceu de água e comida?
Já estou acostumado a grandes caminhadas, iniciei isso em 2012 quando fui fazer os 800 km do Caminho Francês de Santiago de Compostela. Na ocasião não estava tão bem preparado e tive um início bem difícil até o corpo acostumar, além dos problemas que tive com bolhas devido à inexperiência e umas alergias por conta dos materiais sintéticos das roupas dry-fit. Hoje já sei como preveni-las.
Levo sempre o mínimo indispensável, afinal isso vai nas suas costas todo o trajeto! Tenho uma bota especial para caminhadas da Salomon que está super bem adaptada e aguenta o tranco muito bem.
Levei: lanterna, mochila, um par de botas de caminhada (já amaciadas), cantil de água, roupas leves para caminhar calça, bermudas, camisetas, medicamentos pessoais, repelente, protetor solar, celular. A mochila pesava uns 10 quilos. Água é possível abastecer nas casas que você encontra no caminho e é bom levar um lanche (fruta, sanduíche, barrinha, etc).
O que você tem a dizer para quem, inspirado em você, gostaria de fazer os mesmos 200 km?
É muito gratificante caminhar, seja sozinho ou acompanhado. Você se desliga da rotina e tem um tempo pra repensar em tudo, além dos benefícios físicos da caminhada e o aporte cultural no contato com as pessoas locais. Se a pessoa tem “vontade” então já é 50% do trajeto solucionado. O restante, com um pouco de preparo se resolve. Em São Paulo tem vários grupos que fazem caminhadas, eu participo da ACACS, que faz caminhadas preparatórias pro Caminho de Santiago. É um grupo muito legal.