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Teste genético alimentar: ajuda para traçar a melhor dieta para sua saúde

Escolher o melhor tipo de dieta pode ser determinado através de testes genéticos, que mostram como nossos genes podem trabalhar a nossa favor

teste genético
Foto: Shutterstock

O estilo de vida low carb que definiu o corpo de alguém pode não ser o mais indicado para outro; já o cardápio cheio de carboidratos que fez uma pessoa ganhar músculos também pode fazer outra engordar. Isso acontece porque os organismos se diferenciam uns dos outros: cada pessoa segue uma rotina, com estímulos externos e internos diferentes. Por isso, o teste genético alimentar surge como grande opção para auxiliar os profissionais a elaborarem dietas individualizadas, de acordo com a necessidade de cada um.

Médicos e nutricionistas estão tentando ir mais a fundo na avaliação desse paciente. Além de uma boa conversa, exames físicos e dosagens hormonais, também estão fazendo o mapeamento genético. Ainda novidade no Brasil, e com preços que variam de acordo com o laboratório (em média, custam a partir de R$ 1 mil reais, contudo podem ter o valor mais alto conforme a complexidade do exame), o teste genético alimentar pode ajudar a elaborar a melhor estratégia para atingir um objetivo, seja emagrecer, melhorar o rendimento nos treinos ou acabar com sintomas desagradáveis no dia a dia.

“O teste genético para alimentos serve para entendermos como nossos genes trabalham em relação ao metabolismo dos nutrientes, propensão de distribuição de gordura corporal e bases de comportamento alimentar”, destaca a nutricionista Andressa Naccarato, da clínica Mais Excelência Médica, que oferece o teste.

O que os resultados mostram?

“Por meio do teste, conseguimos verificar qual a melhor habilidade do nosso corpo em relação ao metabolismo dos macronutrientes (carboidratos, proteínas e gordura), então conseguimos adequar as proporções de ingestão de cada um deles de forma individualizada”, responde a nutricionista. Isso quer dizer que, enquanto uma pessoa metaboliza bem os açúcares, outra vai se dar melhor com as gorduras.

Com esse resultado em mãos, o nutricionista consegue definir o melhor tipo de dieta; também é possível escolher um programa de treinos compatível com o tipo de fibra muscular do paciente. “Além dos macronutrientes, temos o perfil individual de vitaminas e minerais que nos mostram a real necessidade de ingestão de determinada vitamina, ou até mesmo a suplementação. Por exemplo: algumas pessoas possuem genes relacionados a preferência por doces, e administrando alimentos mais amargos ou azedos, podemos auxiliar nessa questão”, complementa Andressa. 

Segundo o ortopedista especialista em traumatologia, Thiago Righetto, o exame ainda pode orientar sobre alergias e intolerâncias alimentares. Muita gente tenta seguir dietas que excluem o glúten e/ou a lactose, por exemplo, e com o teste genético, esse tipo de alimentação passa a ser embasada. No entanto, mesmo com esse embasamento, o acompanhamento do profissional continua sendo essencial, adaptando a dieta novamente se necessário. “Os estudos relacionados ao mapeamento genético ainda não são muito claros, então não dá para saber se a dieta vai funcionar para aquele paciente, pode ser que ele não tenha o mesmo padrão dos outros pacientes. Para que um estudo se aplique à população, é preciso um número grande de pessoas e ainda não temos isso”, explica Thiago.

Por isso, basear-se exclusivamente no teste genético para prescrever uma dieta ou uma atividade física não é o ideal. O recomendado é que ele seja um complemento a outros tipos de avaliação realizados pelos profissionais. “A aptidão física para um esporte, por exemplo, não depende apenas da genética, depende também de fatores externos e carga de treino, entre outros. O teste pode servir para guiar o técnico, o nutricionista, o médico, mas sempre lembrando que é possível que não funcione”, salienta.

Principais benefícios

Intolerâncias e alergias alimentares podem demorar anos até serem descobertas e, enquanto isso, as pessoas seguem tentando excluir alimentos suspeitos de causarem sintomas como dor no estômago, desconforto na digestão e até problemas de pele, sem sucesso. Com o teste genético, essa confirmação se dá de maneira mais rápida e, assim, a exclusão dos alimentos causadores dos sintomas se torna mais eficaz. “O maior benefício é a promoção da saúde do paciente. Vemos resultados em objetivos como diminuição da gordura corporal, diminuição da deficiência de vitaminas, mudanças de padrões de exames bioquímicos (de sangue), entre outros”, diz Andressa.

O exame, portanto, pode poupar tempo e tentativas de dieta do paciente: com mais informação, os profissionais orientam melhor e os resultados vêm. Ainda assim, os sintomas podem continuar caso não estejam relacionados à intolerância ou alergia detectadas – e, aí, só a avaliação cuidadosa do histórico do paciente é capaz de descobrir a real causa. “Às vezes, alguém pode receber uma orientação nutricional para intolerância à lactose, por exemplo, porque possui esse gene, mas o mal estar não passar porque a pessoa pode ter estresse”, exemplifica o ortopedista.

DESTAQUE

“A maior vantagem do teste genético alimentar é a individualidade. Por vezes, no plano tradicional, vamos nas tentativas de erro e acerto, pois o que dá muito certo para um paciente não dá certo para outro, isso por conta da maneira com que nosso corpo metaboliza os alimentos. Com o teste genético, somos certeiros. Essa individualidade continua nos mostrando que não existe uma fórmula mágica que funcione igualmente para todos”. Andressa Naccarato, nutricionista da clínica Mais Excelência Médica

E no esporte?

O que o teste genético vai investigar depende do laboratório e de quem pede o exame, no caso, o profissional de saúde. Em relação aos exercícios físicos, é possível saber, por exemplo, se o praticante vai se dar melhor em uma corrida de longa distância ou em uma prova de velocidade. Contudo, mais do que indicar uma modalidade a quem ainda não pratica atividade física, o teste genético deve servir para detectar os pontos fracos e fortes do indivíduo, oferecendo dados para que o treinador possa trabalhar melhor esses pontos, a fim de melhorar a performance. “Imagine que um atleta faz o mapeamento e o resultado do perfil é para esporte de força – o psicológico nesse caso já se altera e pode interferir na carreira dele. Por isso, é necessário ter um médico, um geneticista, para ler o resultado, avaliar o teste e dar a devida orientação, uma vez que o exame mostra 100% de compatibilidade com as modalidades esportivas”, defende Thiago.

Com o exame, é possível saber o que o atleta precisa fortalecer para prevenir lesões, que aliás é o ponto principal. “As lesões impedem o atleta de treinar, impactam no rendimento. E, baseado em alguns genes, é possível elaborar um treino específico para evitá-las quando há predisposição”, pontua o ortopedista, que lembra que a avaliação física do atleta ainda é a melhor maneira de saber se o programa de treinos está ou não provocando o efeito desejado. Métodos para essa avaliação com embasamento científico já existem – e a expectativa é que, em um futuro próximo, o mapeamento genético seja ainda mais preciso, proporcionando a devida eficácia.

Quem pode fazer?

Qualquer pessoa pode se submeter ao teste genético, desde que se consulte com um profissional capacitado para ler os resultados. O teste alimentar pode ser bastante útil na infância e adolescência, enquanto é preciso cautela para o teste de aptidão física nessa fase da vida. “Na infância, o esporte tem um lado mais recreativo e por isso tentamos incentivar a criança a praticar diferentes modalidades, experimentar e ver o que gosta. O teste genético pode acabar tendo um efeito contrário ao destinar a criança a um certo exercício – pode obrigá-la a praticar algo que talvez ela nem goste”, afirma Thiago. Mas para quem já tentou de tudo e vive num efeito-sanfona ou sem melhorar o rendimento nos exercícios, o mapeamento pode representar o marco de um novo estilo de vida.

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