“O alongamento realizado antes e, principalmente, depois das atividades esportivas é tido como um procedimento que ajuda a reduzir o risco de lesões e a dor após os exercícios. Porém, apesar de consagrado pelo uso, muito vem se discutindo se há relação entre ele e um menor índice de lesão”, afirma Ricardo Cury, ortopedista, professor do grupo de Cirurgia do Joelho da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho. Estudo da Universidade George Washington (EUA) envolvendo 2 700 atletas que corriam pelo menos 16 km por semana concluiu que não houve diferença no risco de lesão para aqueles que se alongavam e para os que não. Após 3 meses de acompanhamento, a taxa de lesões para os dois grupos (um que alongava-se de 3 min a 5 min e outro que não) foi de cerca de 16%.
A pesquisa, porém, também apontou um dado interessante: os corredores que costumavam se alongar, mas pararam durante o estudo, tiveram taxas mais altas de lesões, assim como aqueles que não se alongavam e tiveram de começar a fazê-lo. Isso sugere que muitas vezes a rotina já está instalada e o melhor é não alterá-la. Se você se sente melhor se alongando, continue a fazê-lo. Se não gosta de ‘perder’ esses minutos antes da corrida, vá em frente e não se sinta culpado. Não se esqueça, contudo, de aquecer. A explicação está no fato de que há um reflexo que evita que o músculo se estique demais. Então, em resposta ao alongamento, ele fica ainda mais rígido, como se fosse uma espécie de autoproteção. Estudos anteriores descobriram, ainda, que alongar-se não é muito bom para a performance. O salto vertical de atletas no estudo era mais baixo após uma sessão de alongamento estático. Rígidos, os músculos não conseguem gerar muita energia. A crítica, contudo, é direcionada ao alongamento parado ou estático. O ideal é fazer um breve aquecimento, seguido de um aumento gradual da intensidade e dinâmica do estica e puxa.