Renato Dutra

Cãibra muscular: tem como evitar?

Alguns novos estudos afirmam que se não há como dribá-las, há, sim, como retardar o seu aparecimento

Foto: reprodução/ Pexels

Todos sabem que os meses mais quentes do ano causam maior desconforto por conta do estresse térmico exercido sobre o nosso organismo. Muitos atletas sofrem com as elevadas temperaturas e uma parte deles acaba sendo acometida pela cãibra muscular, principalmente em treinos mais longos. Define-se cãibra muscular como contrações involuntárias nos músculos que causam dor e chegam a obrigar o atleta a interromper a atividade por gerar demasiado desconforto.

Se, por um lado, o fenômeno é bastante conhecido, por outro, a ciência ainda não elucidou completamente quais são os fatores que as desencadeiam e se há como prevenir o seu aparecimento. Muitos fisiologistas apontam algumas hipóteses para explicar por que a cãibra muscular acontece:

1- Acúmulo de metabólitos (resíduos de reações químicas) ligados à contração muscular;

2- Perda de eletrólitos (sódio, cálcio e/ou potássio);

3- Perda de líquidos;

4- Estresse associado a condições ambientais extremas.

No entanto, nenhuma das hipóteses têm a devida comprovação científica. De acordo com uma recente revisão sobre diversos estudos a respeito de cãibras, parece que há outras explicações mais plausíveis sobre o seu aparecimento. Por exemplo, pesquisas indicam que há atletas mais predispostos a tê-las, e que competir em intensidades acima das quais se está habituado a treinar (músculos fadigados ficam mais propensos a sofrer cãibras) pode desencadear o fenômeno. Outro fator associado refere-se à distância da prova. Sim, quanto mais longa, maior a probabilidade de que elas aconteçam. A boa notícia é que foram feitas algumas descobertas que podem ajudar a retardar seu aparecimento:

a) Treinamento adequado. Quanto mais competitivo e ambicioso for o atleta, maior será a necessidade de um treinamento de endurance e força específicos para suas necessidades. Tudo o que servir para adaptar o atleta a retardar a fadiga (diminuindo a chance de sofrer com cãibras) será muito relevante. Atletas menos competitivos são menos agressivos nas velocidades empregadas nas provas e têm menor chance de sofrer com cãibras.

b) Hidratação com eletrólitos e carboidratos. Se alguns estudos não demonstram que elas são diretamente decorrentes da perda de líquidos e eletrólitos, algumas pesquisas mostraram que, ao suplementar com soluções balanceadas em eletrólitos, carboidratos e água, é possível retardar a fadiga e também a ocorrência das cãibras e isso naturalmente melhora o desempenho do atleta em provas longas.

c) A incidência é mais alta naqueles que já possuem um histórico de cãibras. Assim, vale a pena prestar bastante atenção no nível de fadiga, ter uma estratégia menos agressiva para dosar a intensidade em função da duração do treino e da prova e, assim, terminar o esforço com alguma margem de segurança. Em resumo, não existe uma fórmula mágica para driblar as cãibras, mas há, sim, como retardar o seu aparecimento.

 

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