Estar extremamente focado no que estou fazendo foi a forma que encontrei para me sair bem nas provas. Muitas vezes é difícil, pois várias pessoas querem conversar comigo, a organização sempre pergunta se estou bem durante o percurso, mas eu foco no meu objetivo. É como se eu estivesse dirigindo. Se estou no volante e me distraio com algo, corro o risco de bater o carro. Na corrida é a mesma coisa. Se deixo que algo externo interfira, posso correr o risco de perder o foco e, acima de tudo, de perder tempo.
Outro ponto importante é entrar fisicamente bem na corrida. Não adianta querer correr se eu estiver com alguma lesão ou dor. Não terei sucesso, porque a minha cabeça não estará focada e, sim, pensando no desconforto que estou sentindo. Durante as horas em que estou correndo, penso na minha hidratação, no ritmo que estou mantendo, no resultado que quero alcançar e em como estão as articulações e a musculatura. Se elas não estiverem bem, minha cabeça vai ficar pensando apenas nisso, comprometendo o meu desempenho. Por isso, os treinos são tão importantes para eu me preparar mentalmente. Com eles, sinto as dores do impacto no chão e preparo o corpo para o que vou sentir durante a corrida. Se o trabalho não for bem feito, tudo vai por água abaixo. Isso aconteceu comigo em 1992, quando fui obrigado a abandonar uma prova de 100 km em Barcelona após já ter corrido 85 km. Fiquei triste, pois estava acompanhando de perto o vencedor. Mas eu estava sem bebida, sem equipe de apoio e isso foi muito difícil para mim. Não consegui suportar a pressão e tive que sair da competição. Se eu estivesse mais preparado, poderia ter sido o campeão.
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