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Falciforme: exercício leve pode ser aliado no combate da doença

Paralelamente, há outras indicações para quem vive com essa doença

Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme
Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme - Shutterstock

19 de junho é o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme e foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) com intuito de aumentar o conhecimento dessa doença genética, hereditária e responsável por mudanças no sangue. Embora seja uma doença crônica, dois hematologistas destacam o exercício físico leve.

O papel do exercício físico leve no Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme

“O exercício físico leve e moderado pode ser benéfico para pacientes, que não possuam complicações crônicas graves decorrentes da doença falciforme. Entre os benefícios, estão a melhora na capacidade muscular de troca de oxigênio e a diminuição dos níveis de lactato sanguíneo. Isto se traduz em melhor tolerância aos exercícios e melhor aproveitamento no trabalho”, respondeu com exclusividade ao Sport Life o hematologista do Hospital Geral de Itapevi, gerenciado pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim), Dr. João Bosco de Almeida Neto.

Na sequência, o doutor João Bosco pontuou que a intensidade e frequência dos exercícios é individualizada para cada paciente durante o atendimento com um hematologista. Ainda assim, existem algumas ponderações feitas pelo profissional.

“Devemos lembrar que agudamente a prática de exercícios aumenta a acidez do sangue, o que pode desencadear a polimerização da HbS e a formação de hemácias em foice. Logo, exercícios leves e de curta duração como caminhadas de 20 a 40 minutos três a quatro vezes na semana tendem a ser melhor tolerados no início.

Portanto, Neto destacou que os exercícios intensos, e, principalmente, os anaeróbios são descartados para quem é portador da anemia falciforme justamente pela acidose láctica decorrente deles, o que vai causar a formação das hemácias em foice.

Quais são os demais impactos e recomendações do exercício físico para uma pessoa com anemia falciforme?

“O exercício físico é uma ferramenta muito importante, que ajuda na reabilitação dos pacientes porque auxilia na reposição da capacidade funcional e no melhor funcionamento do sistema cardiopulmonar. Além de tudo, estimula um contato social, muito bom pela parte psicológica do paciente e, também, estimula a autonomia”, garantiu a hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein Dra. Lucila Nassif em diálogo com a reportagem do Sport Life.

Lucila ainda sugeriu que um paciente com falciforme beba muita água durante e depois do treino, que mantenha uma temperatura corporal não muito elevada e que interrompa um exercício no momento em que estiver com fraqueza, falta de ar, dor e cólica.

“Que ele crie um ambiente adequado e aprecie durante a realização do exercício físico. Se sentir qualquer alteração, tem que procurar um médico imediatamente”, completou a profissional.

“Os pacientes com anemia falciforme podem fazer exercícios físicos regularmente desde que com acompanhamento pelo seu médico hematologista. Evitando exposição ao frio e estando bem agasalhados para evitar a crise de falcização”, advertiu a hematologista do Hospital Santa Catarina – Paulista Dra. Karin Massaro.

A melhora de um paciente acontece por quanto tempo após a rotina de treinamento?

“Se bem aplicada e com o devido acompanhamento do médico hematologista de perto, os pacientes notam melhora em sua qualidade de vida após seis a oito semanas de rotina de treinamento”, disse Almeida.

Os tratamentos e renúncias cabíveis para um portador dessa doença

João Bosco mencionou a hidroxiureia como principal medicação utilizada para o tratamento de pacientes com doença falciforme. “Tem a capacidade de aumentar a produção de outro tipo de hemoglobina chamada hemoglobina fetal ou HbF e melhora a distribuição de oxigênio pelos tecidos. Além disso, transfusões periódicas de concentrados de hemácias são indicadas para pacientes mais graves que já tiveram AVC hemorrágico”, finalizou o médico.

A bebida alcóolica e cigarro não podem pertencer à vida de quem lida com essa anemia. “Bebidas alcoólicas ainda mais em excesso porque podem levar a um grau de desidratação. Pedimos muito para os pacientes evitarem o uso de cigarro. Isso pode comprometer o pulmão e em alguns casos causar a síndrome torácica aguda. O que é uma complicação relacionada à doença falciforme, que nós tentamos evitar ao máximo”, concluiu a Dra. Lucila Nassif.

“O paciente com anemia falciforme não deve tomar banhos de mar e piscina gelados, beber líquidos gelados, ou seja, evitar a exposição ao frio. Deve também evitar grandes altitudes e voo em cabine despressurizada. Também deve evitar contato com pessoas com doenças contagiosas”, terminou a Dra. Karin Massaro.

Dados

Existe um arquivo do Ministério da Saúde com a estimativa da existência de 60 mil pessoas no país com a doença falciforme. Já a pesquisa do IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) acusou no ano de 2020, que 47% dos brasileiros desconhecem essa doença hereditária.

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