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Fundador da Liga Nacional de Transplantados confirma presença no Mundial

O dirigente dessa entidade sempre passa a mensagem de que o esporte é direito de todos

Fundador da Liga Nacional de Transplantados
Fundador da Liga Nacional de Transplantados , Ramon Lima, em competição de corrida. Foto: Divulgação

O World Transplant Games (Jogos Mundiais de Transplantes) vai acontecer de 15 a 21 de abril em Perth, na Austrália. O carioca Ramon Lima, de 41 anos, é corredor, professor de Educação Física, fundador da Liga Nacional de Transplantados e já confirmou a sua presença no Mundial.

Fundador da Liga Nacional de Transplantados na Oceania

“Mais do que mostrar que as atividades físicas contribuem para a saúde, o objetivo é chamar a atenção para a importância da doação de órgãos. A partir de eventos e do próprio exercício físico em si, é possível divulgar a importância de conversar com a família, deixar claro o desejo em ser doador e permitindo que a vida continue”, diz Ramon com exclusividade para o Sport Life.

O Mundial vai “abrigar” competições de natação, tênis de mesa, boliche, tênis, vôlei, atletismo, badminton, basquete, ciclismo, dardos, golfe, boliche na grama, petanca, corrida de rua, futebol de seis, sprint triathlon e squash. É permitida a inscrição de atletas de 4 a 80 anos, que foram transplantados no mínimo há um ano e estar clinicamente apto e treinado para prova selecionada.

Lima está inscrito nas provas de corrida, salto em distância e lançamento de dardos. Embora desconheça o nível da concorrência nesses duelos na terra dos cangurus, o seu otimismo é visível. “Desejo alcançar bom resultado. Recebi uma nova chance de viver e quero que outros sintam essa mesma alegria”, enfatiza.

Os detalhes da preparação do competidor

O World Transplant Games é reconhecido pelo COI (Comitê Olímpico Internacional), mas ainda não traz suporte financeiro ao inscrito. Portanto, todas as despesas de deslocamentos e hospedagens ficam sob responsabilidade do esportista. Ramon expõe os detalhes do seu planejamento financeiro.

“Uma parte considerável veio da vaquinha online. Mas não posso deixar de destacar que o maior volume de recursos financeiros chegou a partir da contribuição de parentes e amigos mais próximos. Além de um valor considerável que tirei do meu próprio bolso e já havia guardado com essa finalidade”, comenta Lima.

A preparação de Ramon não está apenas na alimentação e treino diário, isto é, a mente é trabalhada. O líder dessa organização de transplantados cita que é adepto do trabalho de terapia e que o conforta antes de sua primeira exibição em jogos internacionais.

“Esse é um ponto que tem sido bem interessante (Ansiedade). Depois que comecei a fazer terapia antes da época do transplante, comecei a me conhecer como uma pessoa ansiosa e de lá pra cá venho aprendendo a reconhecer os sinais e a tentar controlá-los. Nesse momento, a ansiedade tem estado mais forte que em outras competições, afinal de contas é o meu primeiro Mundial. Para controlar esse sentimento, o escape é assistir uma série bem despretensiosa, ler um livro inspirador, ouvir música e treinar, claro, afinal esse é o meu melhor remédio”, garante.

A história do atleta

Ramon recebeu o diagnóstico de insuficiência renal crônica em 2012, vivenciou a diálise peritoneal, ficou cerca de um ano na fila por um transplante e em janeiro de 2020 recebeu a ligação de que um rim compatível o esperava.

O esporte foi a ferramenta que Ramon reencontrou a alegria de viver depois desse procedimento médico bem-sucedido e de propagar a doação de órgãos. As suas participações em cada evento esportivo para transplantado lhe incentivaram para ser mais um brasileiro neste Mundial na Austrália.

“Foco e concentração. Acho que essas duas palavras definem bem como irei me comportar diante de uma competição tão importante para mim e para todos que estarei representando. Além disso, quando estiver na Austrália sei da importância de manter a mesma alimentação, buscar dormir bem e guardar alguns objetivos comigo”, conclui o atleta.

Palavra do médico

O médico nefrologista e coordenador do Serviço de Transplante Renal do Hospital Universitário Cajuru, 100% SUS (Sistema Único de Saúde), em Curitiba, Alexandre Bignelli, admite em contato com a reportagem do Sport Life que acompanha Ramon antes do transplante e fez elogios sobre sua saúde.

“Hoje ele se encontra bem de saúde. É um entusiasta do esporte, que fomenta outros transplantados a estarem formando uma liga de esporte. O trabalho do esporte faz com que eles se sintam inseridos de novo na sociedade e tenham uma prática adequada”, destaca Alexandre.

Não é apenas jogar. Bignelli expõe logo depois a importância de se declarar doador de órgãos. “As pessoas sabendo que você pode ser um potencial doador é onde acontece o ‘milagre’ de ter novas pessoas contempladas e tendo a segunda chance em suas vidas. Acho importante que se divulgue a doação”, encerra o nefrologista.

Dados

O Ministério da Saúde informou em 3 de fevereiro de 2022 que o Brasil é o segundo maior transplantador de órgãos do mundo com cerca de 13 mil procedimentos e que o SUS é o responsável pelo financiamento de mais de 88% de todos os transplantes de órgãos do país.

Brasil “perde” nesse ranking apenas para os Estados Unidos. Há o acréscimo de que os processos e doações permaneceram na pandemia entre 2020 e 2021 com a conclusão de cerca de 25 mil procedimentos.

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