Mesmo que a divulgação de informações sobre os riscos do cigarro seja ampla, o hábito de fumar ocupa o posto de maior causa de mortes evitáveis. No Brasil, estima-se que aproximadamente 22 milhões de pessoas façam uso do tabaco. No mundo, um bilhão.
A chance de morte súbita para os fumantes é até quatro vezes maior. Sem contar que o vício aumenta a propensão de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, conhecido como derrame, angina e outras doenças, como o câncer. A nicotina, substância presente no tabaco, estreita veias e artérias, além do fato de que outros componentes do cigarro lesam o endotélio, a camada de revestimento interno dos vasos, causando lesões nos tubos.
Dia Mundial Sem Tabaco
O Dia Mundial Sem Tabaco é lembrado anualmente em 31 de maio. A data foi criada em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como marco na luta contra o grave problema, considerado uma epidemia global.
O fumo mata seis milhões de seres humanos por ano, com projeção de crescimento para oito milhões em 2030.
Pensando em diminuir a incidência de doenças e mortes cardiovasculares, médicos e profissionais de saúde, nacionais e internacionais, estar]ao reunidos no XXXVIII Congresso de Cardiologia da Socesp (http://www.socesp2017.com.br/), que acontecerá dos dias 15 a 17 de junho, no Transamerica Expo Center, em São Paulo.
O objetivo do evento é a discussão e apresentação de estudos científicos e casos clínicos que auxiliem os profissionais ligados à cardiologia a melhorar a prática clínica, auxiliando a população no combate das doenças do coração.
O vício e os riscos do cigarro
Segundo explica Jennifer França, psicóloga e diretora científica do Departamento de Psicologia da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), existem fatores psicológicos que estão ligados ao hábito de fumar, presentes de maneira muito intensa em alguns fumantes. A profissional ressalta que, para combater a prática, é importante saber quais são os gatilhos, ou seja, em que situações o uso do tabaco é feito. “Os fumantes não são iguais. Eles têm uma relação diferente com o cigarro. Tanto que alguns fumam maios e outros, menos”, pontua Jennifer, que ainda continua: “fatores como prazer, hábito, redução da tensão, manipulação e estimulação são partes importantes nesse processo”.
O cardiologista e presidente da Socesp, Ibraim Masciarelli Pinto, salienta que, embora a sociedade e a indústria contribuam para a existência do tabagismo, a responsabilidade de abandonar o vício é do fumante. O problema, além ser prejudicial à saúde, principalmente do coração, os riscos do cigarro e suas consequências também prejudicam os cofres públicos. “É imensa a responsabilidade dos fumantes quanto ao esforço para abandonar um vício letal e muito prejudicial às suas famílias, à sociedade e ao nosso país, que gasta cerca de R$ 20 bilhões por ano para tratar doenças provocadas pelo tabagismo”, alerta o médico.
Gatilhos psicológicos: como parar de fumar
A psicóloga Jennifer França explica que, para largar o vício, é importante que o tabagista procure a ajuda de uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, nutricionistas e psicológicos, que lhe auxiliarão com tratamentos específicos em sua mudança comportamental, além de ter força de vontade e querer parar. “Largar um vício nem sempre é fácil, mas os benefícios são muitos, principalmente se pensarmos nos relacionados à saúde física e mental”, afirma.
Gatilhos psicológicos que devem ser evitados
Prazer: quando confortável ou relaxado, o indivíduo sente vontade de fumar. Por exemplo, após as refeições ou assistindo televisão.
Manipulação: quando segurar o cigarro é algo importante. A situação normalmente ocorre quando a pessoa não sabe o que fazer com as mãos. O ritual de acender o cigarro, abrir um novo maço e olhar a chama faz parte do processo.
Hábito: quando a pessoa sempre fuma em determinadas situações. Nem pensa antes de acender o cigarro, o faz automaticamente, às vezes até sem perceber. Em alguns momentos, nem fuma o cigarro inteiro, porque não está de fato com vontade. O quadro é desencadeado por um comportamento automático.
Estimulação: fuma-se para ampliar a sensação de estímulo. Habitualmente, o indivíduo tem vontade de fumar quando vai iniciar uma tarefa. Muitas vezes, sente-se desanimado, desmotivado ou sobrecarregado e busca o cigarro como potencializador para driblar esses sentimentos e levar a vida adiante.
Redução de tensão: o indivíduo sente necessidade de fumar quando está nervoso, preocupado, tenso, ansioso ou triste. O cigarro torna-se o meio de escapar dessas experiências extremamente desconfortáveis.
LEIA TAMBÉM
- 10 dicas para ter um coração mais saudável
- 10 dicas para largar o cigarro
- Vilões da saúde: 6 alimentos que “envenenam” o organismo
Consultoria: Socesp – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo