Renato Dutra

Sistema de amortecimento: faz mesmo diferença para evitar lesões?

Fotos: Thinkstock e Getty Images

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Basta visitar uma loja que tenha vendedores “especializados” em corrida para ouvir o bordão: “se você corre, então precisa de um bom sistema de amortecimento!”. O pensamento até que faz sentido. Por exemplo, lutadores de boxe olímpico usam proteção na cabeça justamente para atenuar o impacto dos golpes. Jogadores de futebol utilizam caneleiras, mas, e na corrida, o amortecimento realmente faz diferença?

Este tema é por demais importante, correto? Afinal, os modelos mais caros são justamente aqueles com maior amortecimento. Além disso, acredito que nenhum corredor queira se machucar. Pelo contrário, o objetivo é praticar a corrida, mas, ao mesmo tempo, ficar longe das lesões. De fato, há muitos estudos sobre a relação amortecimento e lesões em corredores.

Um estudo recente publicado no conceituado British Journal of Sports Medicine(1) acompanhou, por cinco meses, o histórico de lesões em 247 corredores. O objetivo foi investigar se o uso de tênis com maior ou menor amortecimento teria alguma relação com a incidência de lesões. A hipótese mais provável seria a de que maior proteção (amortecimento) levaria naturalmente a menos lesões. Correto? Errado! De acordo com os pesquisadores, o nível de amortecimento não fez a menor diferença. Em outras palavras, corredores que utilizaram tênis com menos amortecimento não se machucaram mais do que aqueles que tinham pares com maior nível de proteção. No entanto, a pesquisa trouxe informações muito úteis para quem adora correr e quer se manter assim, isto é, sem se machucar e continuar correndo por aí:

1 – Lesões prévias. Indivíduos que já tenham se lesionado anteriormente estão mais predispostos. Então, se esse é o caso, invista num programa de fortalecimento para prevenir lesões recorrentes.

2 – Sobrepeso. Sim, corredores gordinhos realmente sobrecarregam suas estruturas, e o resultado se reflete em maior risco de se machucar. Portanto, corredores precisam evitar o processo de carregar sobrepeso. Acompanhamento nutricional ajuda muito!

3 – Intensidade média dos treinos. Isso significa fugir dos intervalados e farlteks? Acredito que não, desde que nos treinos mais leves e longões o atleta respeite uma velocidade mais baixa e sem forçar tanto o ritmo. Aliás, observo ser essa uma grande armadilha, na qual o corredor exige demais do corpo quando tem de ir com mais leveza e, a longo prazo, a lesão virá por conta da fadiga acumulada.

Portanto, se você está pensando em investir em amortecimento, reconsidere. Invista, sim, em cuidar adequadamente de lesões que possa ter sofrido, busque manter-se ou entrar numa faixa de peso adequado e também tenha cuidado em seus treinos de maior volume e certifique-se de que leve é leve mesmo.

Bons treinos!

(1) Daniel Theisen, Laurent Malisoux, Joakim Genin, Nicolas Delattre, Romain Seil, Axel Urhausen.Influence of midsole hardness of standard cushioned shoes on running-related injury risk. Br J Sports Med doi: 10.1136/bjsports-2013-092613

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