Corrida

Primeira brasileira a cruzar a linha da “Ultra Trail Du Mont Blanc” relata sua experiência na prova

Niníve Oliveira contou quais foram os desafios de encarar 100km em temperaturas abaixo de zero

Foto: Arquivo Pessoal

A Ultra Trail Du Mont Blanc é um dos principais eventos de trail do mundo. Para participar, é preciso completar outras provas de nível de dificuldade alto, além de contar com a sorte para levar o sorteio depois da pré-inscrição.

Apesar de tanta burocracia e dificuldades para se inscrever em uma corrida trail desse nível, a ultra-maratonista, Nínive Oliveira, conseguiu se classificar e até se destacar. A atleta de 30 anos foi a primeira brasileira mulher a cruzar a linha de chegada, após enfrentar 100km. Essa não foi a primeira vez que a personal trainer encarou a distância. Ela já havia feito a quilometragem outras quatro vezes, completando três delas e abandonando uma por problemas de saúde.

A Ultra Trail Du Mont Blanc foi a quinta prova de 100km que Ninive participou – Foto: Arquivo Pessoal

Para completar a Ultra Trail Du Mont BlancNínive fez um ciclo de treino de três a quatro meses. A corrida não foi a única prática: natação, bike, musculação e treino funcional foram exercícios que colaboraram para sua resistência e desenvolvimento. “Não tem jeito, são provas de muitas horas, 15 a 20 horas, você precisa estar com o corpo preparado para aguentar”, comentou sobre a sua rotina de atividades. Ela ainda participou de um training camp na França desde junho e de uma prova de 100km na Áustria antes de encarar um dos eventos mais importantes de trail.

“Fiquei treinando três meses em pleno verão europeu, estava muito quente, 35 graus, muito sol, muito quente”, conta sobre o clima que esperava encontrar no dia da prova. Mas, não foi isso o que aconteceu no dia 31 de agosto. Nos 30km da Ultra Trail Du Mont Blanc, Nínive foi surpreendida pelo tempo que virou. Muita chuva, geada e um frio absurdo, como relata, foi o seu maior desafio na prova. “Nunca tinha pego uma condição de tempo tão ruim, isso me atrapalhou bastante, não consegui correr trechos que correria, porque realmente estava sentindo muito frio”, disse.

“Estava sentindo muito frio, fiquei com os dedos das mãos congelando, a ponta do nariz, a orelha… lutando mesmo”, contou a atleta que levou um tombo e machucou o joelho – Foto: Arquivo Pessoal

Por causa das baixas temperaturas de até -10 graus, a ultra-maratonista começou a sentir dor no machucado que havia feito no quilômetro 18. “Tomei um tombo ao tentar pegar uma barrinha no bolso e um segundo de vacilo me fez tropeçar em uma raiz”, relembrou o deslize. E contou mais detalhes: “Passei a madrugada inteira correndo no topo das montanhas, 2500m de altitude, 4h da manhã com menos 10 graus, chovendo, tremendo, só eu e minha lanterninha de cabeça”.

Apesar dos problemas, Nínive Olveira em nenhum momento pensou em deixar a prova, como fez cerca de 25% dos participantes. “Pensar em desistir, claramente não, isso não passou pela minha cabeça, mas foi um desafio mental bem grande mesmo, sou uma pessoa que sofre muito com o frio, foi um grande desafio mental me manter ali”, declarou a atleta da Columbia e Hidrolight. Ser a primeira brasileira a completar a prova a deixou muito satisfeita com o resultado. E deixa uma dica para quem deseja seguir o caminho das ultra-maratonas. “A gente nunca treina 100km pra correr 100km, porque o dia da prova é um dia de estresse muito grande, então você se prepara para chegar nesse dia descansado para submeter o corpo a isso e faz longas da metade da quilometragem”, aconselha.

 

 

 

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