A Copa do Mundo de 2022 do Catar ficou marcada por manifestações políticas e de diversos temas científicos. Nesse sentido, houve a constatação de que a saúde bucal reflete no desempenho dos jogadores neste Mundial e em qualquer outra competição esportiva.
Como assim?
Quem garante essa tese é a Dra. Caroline Aranalde. Caroline formou-se em odontologia na UNISC (Universidade de Santa Cruz do Sul). Fez mestrado na área de ortodontia pela Faculdade Ilapeo e atualmente ocupa o cargo de Gerente de Treinamento e Educação da ClearCorrect.
“A presença de um especialista em saúde bucal é importante para caso haja alguma intercorrência durante os jogos (traumas) ou no período vigente (dor, incômodo). Há um risco de desenvolver injúrias graves se já houver um problema inicial, que não passe por tratamento especializado, podendo prejudicar em seu desempenho durante os jogos e na preparação”, disse Caroline com exclusividade para o Sport Life.
Escassez no Brasil
O tema é importante para o futebol, ou seja, a odontologia esportiva foi regulamentada somente no ano de 2014 pelo CFO (Conselho Federal de Odontologia. Essa novidade no Brasil denota a escassez de pesquisas relacionadas a esse assunto.
Pesquisas da UFSM-RS (Universidade Federal de Santa Maria) apontam que o aproveitamento do atleta pode diminuir em 22% em razão de distúrbios na saúde bucal. Exemplo: a periodontite pode levar as bactérias da boca para a corrente sanguínea, atingir outros órgãos, membros, articulações e ocasiona lesões ou atrasar a recuperação de outras já existentes.
Outro trabalho recente é sobre o tema “Aspectos da odontologia do esporte em clubes de futebol no Rio de Janeiro”, do grupo de acadêmicos da Uniflu (Centro Universitário Fluminense). Essa análise concluiu que 25,81% dos times mantinham cirurgião dentista no departamento médico e quem “domina” essa porcentagem são os quatro grandes cariocas da Série A.
O contraste fica para os times pequenos do Estado fluminense. Ou seja, houve a constatação de que 47,85% dos times modestos disponibilizam aos seus atletas serviço de cirurgião dentista para casos urgentes. 30,44% das demais instituições entrevistadas disseram que acionam serviço público e 21,73% afirmaram que cabe ao atleta resolver.
Sendo assim, quando questionada sobre as principais lesões que um atleta pode ter caso ignore tratamento odontológico, Aranalde respondeu e aconselhou qual acompanhamento faz bem juntamente com odontológico.
“Efeitos diversos como: dor, sangramento, inchaço, inflamação, febre, entre outros que prejudicam em sem desempenho/qualidade de vida de forma generalizada. O tratamento dental é fundamental. Além disso, acredito que o acompanhamento psicológico é importante, devido aos efeitos diretos que a situação psíquica do indivíduo possui em todas as áreas de sua vida”, afirmou.
Preocupação mundial
Esse assunto ganhou projeção internacional antes desta Copa do Mundo. Uma pesquisa sobre a saúde bucal dos atletas veio à tona na disputa das Olimpíadas de Londres, em 2012. Em 45% dos 278 atletas entrevistados de 25 esportes, houve o diagnóstico da erosão dentária. O que significa que a preocupação com a saúde da boca não é a mesma que as equipes têm com a saúde do corpo.