Por Vanessa de Sá
A turma do slackline, que desembarcou com força no Brasil pouco mais de um ano e meio atrás, não para de crescer. Motivos não faltam: o esporte é barato, pode ser praticado em praticamente qualquer lugar e, mais do que isso,“vicia”. Slackline significa, em português, linha folgada. E é exatamente isso. O praticante se equilibra em uma fita estreita e flexível (tem gente que até usa as mesmas utilizadas pelos caminhoneiros para amarrar as cargas), de cerca de 5 cm de largura e que fica presa em dois pontos. Podem ser duas árvores, dois prédios (sim, a turma mais radical gosta de encarar a altura), dois postes ou qualquer outras duas extremidades. O importante é a catraca, acessório que garante à fita a tensão necessária para que se possa andar sobre ela. Montada, ela lembra os cabos de aço dos malabaristas de circo, com a diferença de que, por ser mais folgada e flexível, permite ao praticante usá-la como uma espécie de mola propulsora na hora de, por exemplo, dar um mortal.
Mais do que qualquer coisa, o slackline é um esporte de equilíbrio. Mas se engana quem pensa que ele exercita apenas pernas. Ombros e, principalmente, abdômen, são trabalhados à exaustão, já que a barriga tem de ficar permanentemente contraída, o que ajuda a manter o corpo equilibrado. Mais: a consciência corporal é desenvolvida, já que é preciso estar concentrado e prestar extrema atenção ao próprio corpo na hora de fazer os movimentos. Uma hora sobre a fita pode queimar até 200 cal. E o melhor: pode ser praticado em qualquer idade, de crianças a idosos. Não há regras. O que vale é a criatividade.
Material
› Hoje, uma série de marcas fabricam fitas com diferentes tipos de trama e material (da poliamida ao náilon). Mas pode-se usar também fitas iguais às utilizadas pelos caminhoneiros para amarrar a carga. Elas têm entre 2 cm e 5,5 cm de largura e o comprimento pode variar de 10 m a mais de 30 m, de acordo com o espaço que se tem para fixá-la.
› A catraca também lembra a dos caminhoneiros. É a parte mecânica responsável por tensionar a fita.
› Pode-se usar um tênis de sola plana, ou melhor, praticar descalço.
› O preço do kit (catraca, corda) custa entre R$ 150 e R$ 200.
Como começar
Inicialmente, a fita é montada bem próxima ao chão (cerca de 30 cm), pois o risco de queda é considerável. Aqui no Brasil, o slackline ficou bem conhecido nas praias. Afinal, tombar na areia não traz grandes perigos.
› Suba na faixa com o chamado pé-guia (algo como o goofy e o regular do snowboard) e com o corpo paralelo a ela.
› Fixe os olhos em um ponto concreto diante de você.
› Mantenha os braços acima da linha dos ombros e o abdômen sempre contraído.
› Os pés devem estar colocados na parte central da fita e apenas um deles deve estar sobre a faixa, quer dizer, você deve alterná-los, mas mantendo-os sempre bem próximos um do outro.
Esporte surgiu com escaladores
Tudo começou na Meca da escalada americana: o Parque Nacional Yosemite. Nos anos 1960, os escaladores começaram a esticar suas cordas de escalada e tentar se equilibrar sobre elas enquanto esperavam um bom momento para escalar uma rocha ou nos seus momentos de lazer. Obviamente, as cordas não eram flexíveis como as hoje usadas no esporte, mas proporcionavam um momento relax, diversão e, principalmente, foco. Mas foram os escaladores Adam Grosowsky e Jeff Ellington que realmente mudaram o esporte para sempre, ao introduzir, no começo dos anos 1980, uma fita plana, e não mais uma corda de seção redonda.
Variantes
O esporte cresceu e ganhou um monte de “filhotes”. Confira:
1. Highline – É a versão radical do slackline e só é indicado para quem é fera, já que é praticado em faixas distantes, no mínimo, 20 m (e até mais) acima do chão. Muitos o consideram o ápice desse esporte. Tem gente praticando inclusive entre dois edifícios ou montanhas.
2. Waterline – É o slackline feito sobre a água.
3. Yogaline – Parece estranho, não? Mas há quem faça ásanas da ioga sobre a faixa.Segundo os praticantes dessa linha, desenvolvem-se flexibilidade, confiança, equilíbrio dinâmico, respiração e o core.
4. Trickline – Consiste em praticar manobras sobre a faixa, como saltos, giros, a posição do Buda (senta-se sobre a faixa na posição de lótus), deitar sobre ela, andar de marcha a ré, 360º etc. É a modalidade mais praticada no mundo.
5. Surfline – Simula os movimentos do surfe.