O crossfit deixou o status de “febre” entre os brasileiros, ou seja, consolidou-se no universo fitness. A cada ano que passa surgem diversos tipos de orientações para prática segura desse exercício de alta intensidade. A nova orientação que vem à tona é de que o overtraining é sinônimo de perigo no crossfit.
AUTORIA
Quem garante é a pesquisa da dupla de alunas Marcela Seixas (24 anos) e Lívia Alves (25 anos) do 11º semestre do curso de Medicina do CEUB (Centro Universitário de Brasília). Nesse sentido, quem orientou esse trabalho foi o professor de educação física e medicina do CEUB Alessandro Oliveira.
“O nosso interesse surgiu quando estudamos fisiologia do exercício físico. Estudamos balanço, picos hormonais, achamos curioso e interessamos por isso. Nós pegamos o crossfit porque iria ter muito tema. É uma modalidade relativamente nova e controversa”, declarou Lívia com exclusividade para o Sport Life.
EXPERIÊNCIA
14 mulheres de 25 a 45 anos participaram dessa experiência como voluntárias e foram recrutadas por meio da divulgação da pesquisa em um centro de treinamento do Crossfit da cidade de Brasília.
O grupo atendeu aos critérios: praticar crossfit nos últimos seis meses por pelo três vezes na semana, sem problemas ortopédicos e articulares, que impediam a realização da atividade física ou que pudesse agravar o dano osteoarticular. Em seguida, houve ainda a exclusão de quem alegou não ter feito exercícios físicos regulares nos seis meses anteriores a pesquisa.
A medição foi baseada no “Wod Cindy”, programa que consiste em fazer o máximo de séries possíveis de exercícios: cinco pull ups, dez push ups e 15 squats pelo tempo de 20 minutos. Uma enfermeira cumpriu com a responsabilidade das coletas sanguíneas.
RESULTADOS
O resultado foi a redução significativa da testosterona e o aumento do cortisol. A combinação pós-exercício é o alerta na ocorrência das lesões durante a atividade física, o que não significa risco. O caráter anti-inflamatório do cortisol propicia a redução de lesão. Dessa forma, a força muscular e amplitude de movimento mantém-se com integridade comparado com uma musculatura sujeita a inflamação.
Os praticantes estão sujeitos as lesões musculares e articulares graves devido aos movimentos de alta intensidade. Fatores como o desequilíbrio entre a alta intensidade do movimento e os curtos intervalos de descanso insuficientes para o nível da fadiga foram destacados nesse exame.
“Coletamos os níveis séricos de testosterona e cortisol de 14 mulheres antes e depois dos exercícios de alta intensidade. Vimos diminuição da relação Testosterona/Cortisol, que diz muito a respeito de estado catabólico agudo predominante. Favorece a lesão muscular, mas não analisamos laboratorialmente hormônios, que analisassem a parte anabólica, e não fizemos acompanhamento sérico dos hormônios catabólicos. Então, precisamos de outra pesquisa pra complementar a nossa”, garantiu Marcela.
O equilíbrio é a alternativa para que haja bons resultados ao praticante do crossfit, segundo Alessandro. “Nesse caso podemos inferir que, quando o exercício físico for bem orientado, dentro das capacidades e aptidão física de cada indivíduo, poderá trazer inúmeros benefícios à saúde do praticante, com risco reduzido de causar alguma lesão”, pontuou.
ORIGEM
Os americanos Greg Glassman e Lauren Jenai criaram em 2000 o CrossFit, programa de força e condicionamento, que mistura de exercícios aeróbicos, exercícios de calistenia e levantamento de peso olímpico. Esse programa de força e condicionamento inclui movimentos funcionais constantemente variados, executados em alta intensidade em domínios de tempo e modais amplos.
PARÂMETRO
A Tecnofit aponta que o Estado de São Paulo detém quase um terço dos espaços de treinamento CrossFit e treinamento funcional em atividade no país, ou seja, 29%. Rio de Janeiro aparece em segundo lugar com 13%, e Minas Gerais fecha o Top 3 com 9%. Outros estudos também indicam o Brasil como líder desse mercado na América Latina.