Diego Armando Maradona morreu aos 60 anos nesta quarta-feira (25). O ídolo do futebol mundial não resistiu a uma parada cardiorrespiratória sofrida no fim da manhã na cidade de Tigre, região metropolitana de Buenos Aires. Campeão da Copa do Mundo em 1986 pela Seleção da Argentina, o atleta ficou marcado tanto pela genialidade em campo quanto pelas polêmicas fora dele.
Carreira no futebol
Depois uma infância pobre, Maradona iniciou sua trajetória no futebol com apenas 15 anos, defendendo o Argentinos Juniors. Com 116 gols em 166 partidas nas suas cinco primeiras temporadas, despertou a atenção do Boca Junior, seu clube do coração. Contudo, teve uma curta passagem e, somente um ano depois, se transferiu para o Barcelona-ESP, na transação mais cara da história na época: oito milhões de dólares.
Sem muito brilho, deixou o clube catalão dois anos depois com três taças conquistas e algumas brigas dentro de campo. A transferência para o Napoli-ITA o transformou no ‘Díos’.
Recepcionado com muita expectativa em 1984, deu até mais do que os 70 mil torcedores que o receberam esperavam. Maior ídolo da história da equipe, conquistou o Campeonato Italiano por duas vezes (1986/87 e 1989/90), as duas únicas conquistas até hoje pelo Napoli. Além disso, venceu a Copa da Itália em 1986/87 e a Supercopa de 90. Por fim, levou o time a uma conquista continental, a Copa da Uefa (atualmente Liga Europa) em 1988/89.
Deixou os campos italianos em 1991 e passou por Sevilla-ESP, já sem tanto encanto. Retornou ao futebol argentino pelo Newell’s Old Boys em 1993 e encerrou sua carreira no Boca Juniors.
Extra-campo
Maradona sofreu com o vício em cocaína. Foi suspenso pela primeira vez em 1991, ficando 15 meses afastado dos gramados após o exame antidoping indicar a presença da substância em sua urina. Logo em seguida, foi preso por porte e consumo de cocaína em Buenos Aires. Mas saiu da prisão ao pagar fiança após uma noite detido.
Após ter disputado três Copas, sendo campeão em 86 e vice em 90, teve uma despedida muito triste em 94. Ele anotou um gol contra a Grécia e, com uma comemoração muito efusiva, foi sorteado para o exame antidoping, onde testou positivo para efedrina, substância que estimula o sistema nervoso e cardiovascular. Com isso, foi expulso da competição no segundo jogo.
Também ficou muito conhecido por declarações polêmicas. Algumas engraçadas, outras preconceituosas. Era muito próximo de Fidel Castro e tinha uma tatuagem de Che Guevara no braço. Também nunca poupou críticas à Fifa, entidade máxima do futebol mundial.
Aposentadoria
A idolatria por Diego Maradona era tão grande que, antes mesmo de parar, ainda no dia 30 de outubro de 1998 (no seu 30º aniversário) teve uma igreja fundada em sua homenagem. A Igreja Maradoniana, fundada na cidade argentina de Rosário, arrebanhou 500 mil seguidores espalhados em todo o mundo, com fiéis na Espanha, Japão, Peru, México, Estados Unidos e até mesmo no Brasil.
Em 2001, teve uma grande festa na La Bombonera lotada, estádio do Boca Juniors, para celebrar sua retirada do futebol.
Tentou a carreira como treinador, onde não teve um sucesso nem próximo ao que teve dentro de campo. Mesmo assim, foi alçado ao cargo de técnico da Seleção Argentina em 2008, visando a Copa de 2010, na África do Sul. A equipe chegou às quartas de final com quatro vitórias em quatro jogos. No entanto perdeu por 4 a 0 para a Alemanha e se despediu do torneio.
Depois disso, não comandou nenhum clube de grande expressão. Ficou entre 2011 e 12 no Al Wasl, dos Emirados Árabes Unidos. Voltou ao país em 2017 para comandar o Al-Fujairah. Treinou entre 2018 e 19 o Dorados de Sinaloa, da segunda divisão mexicana e treinou o Gimnasia y Esgrima, em seu país, nesta temporada.
Problemas de saúde
Ainda no ano 2000, na cidade uruguaia de Punta Del Este, teve um ataque cardíaco em decorrência de uma overdose. Foi se tratar em Havana, capital de Cuba. De volta à Argentina, sofreu uma grave crise cardíaca e respiratória em 2004 em Buenos Aires.
Pesando mais de 100 quilos, passou por cirurgia bariátrica e perdeu cerca de 50 quilos. No entanto, o uso abusivo do álcool o fez retornar aos hospitais em 2007, com hepatite. Operou os joelhos em 2019 e andava com o auxílio de uma bengala desde então.
No início de novembro, Maradona foi operado de um hematoma subdural e permaneceu hospitalizado devido a uma anemia e desidratação, além do quadro de abstinência ao vício em álcool.