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Boulder, a técnica de escalada para quem tem nervos de aço

Quem busca driblar os ‘problemas’ precisa conhecer o boulder, modalidade desenvolvida por John Gill no final dos anos 1950.

boulder
Foto: Unsplash.com

A ideia do boulder, uma das modalidades mais difíceis da escalada, é encarar uma rocha arredondada pela erosão (boulder, em inglês) com a cara e a coragem, usando apenas o corpo (mãos e pés), a perícia, a força e a concentração para fazê-lo. Não, você não vai escalar rochas de cento e tantos metros de altura, mas blocos de até 8m, limite para que as possíveis quedas não tenham consequências graves.

O boulder não é exatamente fácil, até porque, por mais “simples” que um bloco de pedra possa parecer, a rocha sempre apresenta problemas, que requerem técnica e força para ser “solucionados”, tanto na ascensão quanto na travessia (horizontal). Diferentemente da escalada tradicional, em que o “caminho” para  chegar ao cume é chamado de via, no boulder, o “caminho” ou a sucessão de passos (cada movimento de pés e mãos) para chegar aonde se quer recebe o nome de problema, que podem ser resolvidos com dois ou três passos e outros que chegam a requerer 20 ou até mais. Curto ou longo, não importa. Não é isso que determina a dificuldade, e sim os movimentos que eles exigem e que se complicam de acordo com o tamanho e formato dos agarres (presas) e da sua disposição (distância entre elas). Há problemas que pela sua dificuldade exigem meses de ensaios. A premissa do boulder é buscar a dificuldade e não o lugar mais fácil para escalar os blocos.

Assim como as vias da escalada são graduadas de acordo com o grau de dificuldade, no boulder os problemas são graduados de acordo com duas escalas: a francesa ou Fointainbleu (cuja sigla é Fb), que começa no 4 e chega ao 8c+, e a americana ou Hueco Tanks, que começa em V1 e chega a V16 (o mais difícil).

O material
Você não precisará de um monte de equipamentos, até porque o principal deles será o seu corpo. Tudo o que precisa é de sapatilhas, carbonato de magnésio (para as mãos) e um crash pad, o colchonete que é uma espécie de salvador da pátria. Apesar de não ser grande (não é muito maior que 1 metro quadrado) nem tão grosso (geralmente tem de 5 a 10 cm de espessura), possui uma espuma de alta densidade que absorve bem o impacto, protegendo o corpo de grandes escoriações e de torções. Outra coisa fundamental no que se refere à segurança é a chamado segurança de corpo (ou spot). O segurança é um companheiro cuja função não é amortecer a queda do boulderista nem segurá-lo no momento em que ele cai, mas ficar ligeiramente atrás dele, com os olhos fixos na sua cintura. Se ele cair, o segurança deve endireitá-lo o mais rápido possível, de modo que a primeira parte a tocar o crash pad sejam os pés.

Onde tudo começou
O americano John Gill é considerado o pai do boulder moderno. Ginasta, ele considerava a escalada uma extensão da ginástica olímpica, tendo encarado, no final dos anos 1950, começo dos 1960, problemas e estabelecido rotas acrobáticas consideradas praticamente impossíveis de serem vencidas naquela época, em que os manuais de escalada ditavam que sempre deveria haver três pontos de contato com a rocha. Gill também foi o primeiro a usar carbonato de magnésio.

Um, dois, três…
A que você deve estar atento quando chega a hora da ação:
• Antes de escalar, aqueça bem os músculos do corpo e os dedos.
• Escolha um problema simples para começar no boulder.
• Estude os movimentos e toque as suas presas.
• Pense em como irá de um agarre a outro e, sobretudo, onde coloca os pés.
• Se há muita gente, pergunte ou observe como realizam a sequência.
• Escove as presas com cuidado e evite escovas de cerdas (só usadas para tirar o musgo).
• Limpe a sola das sapatilhas.
• Planeje onde colocar os crash pads e se são suficientes para o problema que irá encarar.
• Leve em conta que as altas temperaturas dão menos aderência para a borracha da sola e menor tato nas presas.
• Uma vez que esteja no problema, tenha cuidado com as saídas.

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