“Sei que a cabeça pode ser tanto uma aliada quanto uma vilã, já que ela pode levar o corpo a um desempenho surpreendente ou a um resultado bem abaixo do esperado. Para que ela me ajude, sempre busco palavras e pensamentos positivos e mudo o foco caso algum contratempo de dor ou pressão aconteçam.
Evito, também, pensamentos pessimistas de derrota e busco motivação interna com palavras de coragem e determinação. Para aprender essas técnicas, tive um acompanhamento psicológico durante seis anos. Creio que o atleta precisa desse suporte em diferentes fases e por vários motivos. Antes, eu tinha problemas com nervosismo e ansiedade pré-prova. Agora, enquanto me preparo para um evento, faço uma mentalização me imaginando na competição, o que ajuda muito. Mas, se durante o percurso, vejo que algo não está fácil, começo a brincar comigo. Por exemplo, quando já estou muito cansada na corrida, fico falando para mim mesma: ‘só mais 5 km e você para’, ‘só mais uma volta e você para’. Isso funciona porque a dificuldade é momentânea. Dura cerca de 1 km, no máximo.
Se eu pensar que ainda tenho de correr 21 km ou 42 km, fica muito mais fácil desistir. Mas se eu penso que são só mais alguns quilômetros, consigo suportar. Já venci muita prova com essa brincadeira de ficar me enganando”, disse Vanessa Gianinni, tricampeã do Campeonato Brasileiro de Longa Distância.