Bater aquela preguiça de treinar de vez em quando é normal. Porém, é preciso diferenciar isso de situações em que a fadiga é tamanha que realmente é melhor parar por alguns dias para se recuperar. Muitas vezes, a causa não tem nada a ver com a corrida, mas com cansaço mental ou outros probleminhas.
“Uma noite mal dormida, por exemplo, pode ter muitas consequências. Alteração do humor, déficit de atenção, problemas de memória e, no que diz respeito às atividades físicas, baixo rendimento imunológico. Isso pode expor o atleta a riscos à saúde”, explica Maurício Garcia, coordenador de fisioterapia do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte e fisioterapeuta do Centro de Traumatologia do Esporte da Unifesp, de São Paulo (SP). Em outros casos, porém, ser mais forte que o cansaço e encarar o treino pode ajudá-lo a melhorar e a se sentir motivado novamente. Veja a seguir algumas situações e o que os especialistas recomendam.
Tem dormido muito mal? Treine leve
O cansaço pela falta de sono certamente prejudica o desempenho e leva para longe o pique para correr. Mas isso não é, necessariamente, um fator impeditivo para não bater o ponto nas pistas. “Você pode treinar, desde que faça uma corrida leve, que não implique em grande desgaste. Se o treino tiver um grande volume, obviamente será ruim para um corpo que não está descansado”, explica Ivan Pacheco, especialista em medicina do esporte e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE).
Por outro lado, a ciência também sabe que a corrida é ótima para combater a insônia. Apenas analise se não é justamente o exercício que tem deixado você ligado à noite e prejudicado seu sono. Nesse caso, é melhor transferir os treinos para o período da manhã.
VEJA TAMBÉM: 8 dicas para potencializar os resultados dos treinos para o verão
Está gripado? Descanse
Primeiramente, é importante diferenciar um resfriado de uma gripe. “O resfriado, normalmente causado por alguns tipos de vírus, tem um caráter mais suave e não interfere no sistema imunológico. Assim, a atividade física não tem uma influência significativa e a corrida está liberada. Já a gripe, causada pelo vírus influenza, afeta as vias aéreas e pode causar febre e infecções (algumas vezes, graves), além de mobilizar o sistema de defesa. Dessa forma, o exercício físico pode causar um desequilíbrio nesse sistema de proteção e expor o praticante a problemas mais sérios”, explica Maurício Garcia. Se for gripe, descanse.
Esgotado pelo trabalho? Treine!
Se você já sabe que o dia de trabalho será intenso, treinar logo cedo pode ser uma boa. Uma ajuda para aliviar a ansiedade e lidar melhor com todos os pepinos que estão por vir. Caso você treine à noite e tenha tido um dia difícil no escritório, não se deixe desanimar e encontre alívio na corrida. “É importante identificar a causa desse cansaço – se foi por causa de uma noite mal dormida, alimentação inadequada ou até mesmo falta de preparo físico. Se a sensação de cansaço não tiver relação com as causas citadas, o exercício de carga moderada poderá beneficiar o equilíbrio cardiorrespiratório, liberar endorfinas, confortar e até mesmo trazer mais disposição ao praticante”, diz Maurício Garcia.
Está dolorido? Pegue leve
A dor é uma das formas que o corpo tem de avisar que algo não está bem. Precisa ser bem avaliada para que não traga prejuízo. Por exemplo, caso seja apenas uma dor muscular causada por outra atividade (como a musculação), a corrida está liberada.
“No caso da dor muscular por fadiga, é importante que, no dia seguinte ao treino, não haja mais estresse ao sistema muscular. Uma corrida longa ou intensa é contraindicada. Entretanto, uma corrida leve garante a eliminação mais rápida do lactato acumulado no músculo. Da mesma forma, exercícios de musculação com carga menor podem ajudar”, aponta João Paulo Bergamaschi, ortopedista e cirurgião de coluna da Clínica Kennedy São Paulo (SP) e médico da equipe oficial do UFC Brasil.“Se for um treino leve, faz até bem, pois melhora a circulação e promove oxigenação dos músculos, o que acelera a recuperação”, concorda o treinador Nelson Evêncio, presidente da Associação de Treinadores de Corrida.
Texto e Pesquisa: Marina Gomes | Edição: Victor Moura