Por muito tempo, a estratégia de alimentação mais divulgada para a manutenção do peso corporal foi a de comer a cada três horas. É uma maneira de controlar a quantidade de comida ingerida por refeição, afinal, fazem-se pequenos lanches entre as refeições principais, afastando a fome durante o dia inteiro. Mas, o método que vem sendo alvo de estudos ultimamente prega o inverso de comer a todo momento: o jejum intermitente.
Longe de ser uma moda passageira, contudo, o jejum intermitente é praticado por diferentes pessoas ao redor do mundo, inclusive por motivos de religião. Mas, o mais importante, é não encarar o jejum como uma dieta, como afirma o especialista em emagrecimento e estilo de vida saudável Rodrigo Polesso, do site Emagrecerdevez.com. “O conceito de jejum é justamente o oposto do conceito de dieta. Querendo ou não, todos nós já fazemos jejum naturalmente todos os dias nos intervalos entre refeições, como entre o jantar e o café da manhã. O jejum intermitente seria simplesmente a extensão natural do jejum que já fazemos”, explica.
O que dizem as pesquisas
As pesquisas, contudo, são controversas. O estudo da Universidade de Surrey, no Reino Unido, por exemplo, sugere que a prática de jejum intermitente pode trazer benefícios que vão além do emagrecimento. Os pesquisadores acompanharam 27 pessoas com excesso de peso que se submeteram ao jejum 5/2 (dieta normal durante 5 dias da semana e, nos outros 2, um consumo controlado de no máximo 600kcal) durante dois meses. Enquanto isso, outro grupo reduziu as calorias diárias, porém sem jejuar. Quem seguiu o jejum perdeu pelo menos 5% do peso corporal e diminuiu em 9% os índices de pressão arterial em 59 dias. Já quem seguiu a dieta hipocalórica perdeu os 5% do peso em 73 dias e reduziu apenas 2% da pressão arterial.
Outro estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), aponta para o risco de desenvolvimento de diabetes em quem pratica o jejum intermitente. Isso porque o jejum de 24 horas ou mais aumentaria a produção de moléculas instáveis, chamadas de radicais livres, por uma proteína presente no pâncreas. Os pesquisadores aplicaram o jejum 24/24 em ratos e, além do aumento dos radicais livres, foi observado um aumento da secreção de insulina, o hormônio produzido pelo pâncreas e responsável por fazer a glicose ser aproveitada pelas células como fonte de energia. Esse aumento, somado à diminuição da resposta à insulina nos tecidos periféricos, são sintomas de resistência ao hormônio.
Ainda são necessários estudos em humanos a longo prazo e, caso eles mostrem mais benefícios do que prejuízos, o ideal é encontrar o protocolo mais vantajoso. O mais comum é jejuar entre 16 e 24 horas, mas também existem outros protocolos mais longos. “O 16/8 é apenas um exemplo e, na minha opinião, é o que mais se adapta a um estilo de vida saudável flexível e prazeroso. Protocolos de 24h também podem trazer benefícios se feitos da forma correta. Esses são baseados em apenas uma refeição ao dia”, explica o especialista.
Para quem é indicado o jejum intermitente
O mais indicado antes de sair jejuando à sua maneira é consultar um profissional capacitado e manter esse acompanhamento, checando os resultados e informando sobre os efeitos. Não adianta, por exemplo, se alimentar de forma inadequada e querer jejuar de repente para tentar emagrecer, ou ficar dias sem comer e, quando bater a fome, comer a primeira coisa que aparecer pela frente.
“Acredito que toda pessoa saudável possa se beneficiar de uma prática correta de jejum intermitente alinhada a uma estratégia de alimentação como a alimentação forte. Mulheres grávidas, pessoas diabéticas, pessoas que sofrem de distúrbios mentais, entre outras, são maus candidatos a essa prática. Seguir o jejum de forma incorreta pode acarretar em efeitos colaterais indesejados, como tonturas, fraqueza e até problemas mais sérios em pessoas que estão sofrendo ou tratando condições de saúde”, avisa Rodrigo Polesso.