Os benefícios da prática regular de atividade física à saúde são bem conhecidos e tem ganho adeptos com o passar do tempo, mas ainda é possível observar que a obesidade e diabetes têm crescido nos últimos anos. Mas, será que a genética não pode influenciar nisso?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que uma em cada 11 pessoas no mundo tem diabetes. Em 2014, a estatística apontava para 422 milhões de diabéticos, um salto em relação aos 108 milhões no ano de 1980. Somente no Brasil, entre 2006 e 2016, segundo o Ministério da Saúde (MS), houve um aumento de 60% no diagnóstico da doença. Ainda segundo a OMS, o sedentarismo assim como tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, má alimentação e poluição do ar são fatores de risco que aumentam a incidência das doenças crônicas. Um estudo publicado na revista Nature Metabolism mostrou que a obesidade e diabetes tipo 2 tanto materna quanto paterna são fatores de risco para o desenvolvimento de disfunção metabólica dos filhos, mesmo quando estes seguem um estilo de vida saudável. Os resultados da pesquisa apontam que a prática de atividade física pelos pais contribui no combate ao desenvolvimento da disfunção metabólica em filhos adultos, ao agir na prevenção de obesidade e diabetes tipo 2 que podem ameaçar a saúde de gerações futuras, pela genética.
Com base neste cenário, o período gestacional oferece uma excelente oportunidade de promover comportamentos que tragam benefícios a curto e longo prazo para mães e filhos. Para a Dra. Carla Delascio, ginecologista e obstetra especializada em nutrologia do Centro de Saúde da Mulher da Pro Matre, “sempre salientamos aos nossos pacientes que o momento mais oportuno de agir em prol da saúde do ser humano é dentro da barriga da mãe. E o estudo reforça a importância do estilo de vida do casal na modulação gênica dos filhos”.
Segundo a médica, que preza muito a prevenção de doenças, o casal que se alimenta de forma consciente, pratica atividade física, dorme bem, tem um bom controle de fatores estressores, bem como baixa exposição à disruptores endócrinos, parece ter a capacidade de conquistar sinalizações hormonais mais favoráveis, ao aprimorar o padrão de metilação do DNA e poder agir na genética, melhorando o perfil da prole – chamada de programação metabólica fetal.
“Ao trabalhar questões físicas, aliando o cuidado com a saúde mental, emocional e social, e focar no estilo de vida do casal e incluir pequenas mudanças na rotina da paciente, como alimentação adequada e prática de atividade física, são alguns dos passos iniciais para colher bons frutos no futuro”, finaliza Dra. Carla.