A primeira maratona de um corredor é muito mais do que uma prova: é algo que merece ser guardado para sempre na memória. Para garantir que você tenha uma boa história para contar, é fundamental a escolha de uma prova que reúna as características certas. A Maratona de Porto Alegre é uma delas, e acontece no dia 11 de junho de 2017. Ou seja, dá tempo de se preparar para a sua grande estreia (ou repetir a experiência, se for o caso).
Ouvimos três treinadores: Fabiano Braun, diretor técnico do Floripa Runners; Renato Dutra, diretor técnico do app Soürun; e Filipe Aragão, diretor técnico da Time Assessoria. Todos foram unânimes sobre a maratona de POA ser a melhor para estreantes. A prova, segundo eles, reúne dois importantes elementos que fazem com que ela se torne menos penosa para o iniciante do que, por exemplo, a meia de São Paulo ou a do Rio de Janeiro.
“É uma prova que oferece melhores condições para boas marcas no Brasil, tem postos de hidratação com água e isotônicos a cada 3 km, e acontece em uma época em que as temperaturas são baixas, ideal para quem vai correr uma maratona, seja iniciante, seja experiente”, conta Braun. “E o fato de ela ser realizada em meses mais frios traz o benefício de não elevar tanto a frequência cardíaca. Com temperaturas mais altas, sobe também a temperatura corporal, o que leva os vasos sanguíneos a se dilatarem. Com isso, o coração precisa bater mais rápido para manter a pressão sanguínea”, completa.
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O funcionário público gaúcho Paulo Mendes diz que não tem clima melhor para correr. “É muito mais fácil. Você pode iniciar a prova com algumas camadas extras de roupas e ir retirando as peças durante a prova. No calor isso é impossível. Além disso, tem um percurso lindo, passando, entre outros points, pelo museu Iberê Camargo, o estádio Beira-Rio, a Ponte de Pedra e o parque Moinho de Vento. Acho que para quem é daqui, a maratona de POA é muito especial porque você vai percorrendo a cidade e, ao mesmo tempo, relembrando sua própria história.”
A organização é outro aspecto que chama a atenção. No ano passado, o corredor pôde desfrutar de um lounge com 60 massagistas e atendimento médico com cerca de 40 profissionais e de 16 postos de hidratação, sendo que em 6 deles eram também distribuídos isotônicos e frutas. “Não tenho o que reclamar da organização. Achei incrível. Recomendo a prova para todos, principalmente aos que desejam melhorar seu tempo”, afirma o advogado porto-alegrense Amauri Cellupi.
Como se preparar para a maratona
Se você bateu o martelo e decidiu que vai encarar a Maratona de Porto Alegre deste ano, saiba: é importante que você já tenha corrido algumas provas de 5 km e 10 km e ao menos uma meia maratona. A preparação específica para os 42 km deve começar de 5 a 6 meses antes da prova-alvo. “É importante fazer treinos em diferentes tipos de terreno, para ganhar força e resistência. Fortalecer a musculatura também é fundamental”, explica Braun.
Renato Dutra alerta para a importância de uma avaliação médica. “Deve-se fazer uma avaliação prévia com um médico, pois, mesmo em uma maratona fria e plana como a de Porto Alegre, o desgaste cardiovascular causado pela longa distância faz com que o coração permaneça em um ritmo mais acelerado”, afirma. O corredor Rafael Martini concorda: “Não corri os 42 km sozinho, mas graças à ajuda de médicos, nutricionista, personal trainer e de meu treinador de corrida.”
É preciso de uma boa dose de organização e disciplina. “Correr uma maratona é um projeto que envolve muitas coisas, como abrir mão de alguns encontros sociais e festas”, diz Filipe Aragão. Conta a aposentada Deisi Borges: “Eu acordava de madrugada para os treinos longos. Não tinha calor, chuva ou frio que me fizesse desistir. Estava focada e determinada para alcançar o meu objetivo, que era cruzar a linha de chegada. Correr a minha primeira maratona aos 56 anos de idade foi uma experiência emocionante, inesquecível e de superação.”
O ritmo ideal
A primeira maratona deve ser completada sem muito sofrimento, e não para tentar cumprir “na marra” um tempo preestabelecido. Portanto, corra a uma velocidade confortável. “Geralmente os alunos que correm pela primeira vez os 42 km não conseguem realizar um split negativo, ou seja, fazer a segunda parte da prova mais rapidamente; então, o ideal é correr a prova inteira na mesma velocidade”, afirma Braun. Segundo Dutra, o atleta deve correr como está acostumado em treinos longos. “Até um pouco menos, pois a meta é não quebrar”, recomenda.
Mendes diz ter estabelecido o pace com base em sua experiência prévia na meia maratona. “Usei meu pace de meia maratona e adicionei uma margem bem confortável para dobrar a distância”, conta.
Finalizada a conquista, faça uma suplementação com proteínas e carboidratos e descanse. No primeiro dia pós-prova, o ideal é não fazer nada: apenas relaxar o corpo. Depois, já é possível introduzir treinos regenerativos ou cross-training – um treino mais leve na bike ou na piscina. “Depois de 2 ou 3 dias, o atleta já pode voltar a correr aos poucos. Mas o ideal é passar os 15 dias seguintes à prova apenas fazendo treinos leves”, explica Aragão. Ele também recomenda uma massagem no dia seguinte para recuperar a musculatura, além de alongamento. O estreante Cellupi, que completou a maratona de POA de 2016 em 3h45min, confessa que a maior dificuldade são as primeiras 48 horas. “Só depois de dois dias que consegui retomar a vida normal, mas, claro, sem exercícios pesados. A massagem depois da prova foi imprescindível na recuperação, ajudou muito”, afirma.
Dutra diz que há uma fórmula básica que indica o tempo necessário para se recuperar da prova. “Para cada milha que se corre em uma prova você tem um dia de descanso. Como 42 km são aproximadamente 26 milhas, para estar 100% e voltar a treinar pesado é necessário aproximadamente um mês. Na primeira semana você está 50% a 60% recuperado. Daí para a frente, a recuperação é mais gradual”, explica Dutra.
Texto e Pesquisa: Gabriel Gameiro | Edição: Victor Moura