Realizar uma reeducação alimentar é o primeiro passo para iniciar uma dieta, seja para emagrecer ou ganhar massa muscular. A neurociência comportamental estuda como o sistema nervoso é capaz de influenciar a vida dos seres humanos em diversas esferas, inclusive em seus hábitos, emoções e decisões. Por isso, ela pode te ajudar muito nesse momento.
“Quando se trata de alimentação, é o cérebro que percebe os níveis de fome, faz as escolhas da dieta e seleciona as quantidades. É ele também que define o tipo e a intensidade das atividades físicas e que se frustra, desanima e desiste”, explica o Dr. Nataniel Viuniski, médico nutrólogo, especialista em obesidade.
Segundo o especialista, modulado pelos hormônios e neurotransmissores, o cérebro é responsável pelos gatilhos mentais que nos fazem optar por comer mais ou menos e também por nos deixar no sofá ou praticar atividades físicas. “Ele influencia em muitas decisões de maneira inconsciente, por isso não se deve dizer que uma pessoa não tem força de vontade ou tem preguiça. Mas é preciso entender o funcionamento e a influência deles em nosso comportamento para não cair nessas armadilhas”, reforça.
Por isso, para conseguir realizar uma boa reeducação alimentar, é necessário compreender o funcionamento cerebral. O hipotálamo, por exemplo, é a central do sistema nervoso, responsável por coordenar grande parte das funções endócrinas e regular os processos metabólicos, como a fome, além do gasto energético e a formação de gordura.
“Portanto, costumo dizer que, quanto melhor treinado estiver o cérebro, melhor será o processo de emagrecimento. Daí a importância de entender esses mecanismos e usá-los a favor de nossos resultados”, diz o nutrólogo.
Confira as 5 dicas práticas que Nataniel separou para gerenciar as mudanças de hábitos e, finalmente, conseguir realizar uma reeducação alimentar de acordo com os seus objetivos:
1. Neurociência e emagrecimento saudável
Jejuar, comer pouco, treinar muito e a própria perda de peso impactam o organismo. Esses fatores causam mudanças no perfil hormonal para conservar energia na tentativa de voltar ao peso anterior. O corpo diminui a produção de hormônios e neurotransmissores que reduzem o apetite e eleva aqueles que aumentam a fome. Além disso, outros relacionados à saciedade também ficam mais baixos, apenas para citar alguns exemplos desse sofisticado mecanismo na neurociência.
Daí a importância de fazer uma reeducação alimentar para que o emagrecimento seja sustentável e se mantenha a longo prazo. Por isso, as dietas saudáveis costumam incluir fibras e proteínas magras, que ajudam a saciar por mais tempo e alimentos com baixo índice glicêmico, o que evita as flutuações na insulina. Isso ajuda a controlar a fome fora de hora e também pode diminuir a vontade exagerada de comer doce.
Manter o sono em dia e uma boa hidratação são outros fatores que, além da alimentação balanceada e de uma rotina de exercícios físicos, ajudam a manter esses mecanismos em harmonia. Portanto, são importantes para a emagrecer e ter um estilo de vida mais saudável.
2. Fuja dos “alimentos gatilhos”
Como o próprio nome já diz, trata-se de uma reeducação alimentar. Chocolates, sobremesas carregadas de gordura e açúcar, frituras e massas ativam centros cerebrais de recompensa, por isso, fica difícil comer um só. Avalie como você funciona sob esses estímulos e, se for o caso, para não correr o risco de cair em tentação, não tenha guloseimas em casa.
3. Reeducação alimentar exige novos hábitos
Basta fazer a matrícula na academia para seu cérebro buscar mil maneiras de fazer você desistir dessa tarefa e o mesmo acontece com a dieta. A neurociência explica isso como uma resposta de defesa da mente a um esforço que o corpo precisa fazer, algo visto como uma “ameaça”. Por isso, o nutrólogo lembra que diversos estudos indicam que são necessários de 60 a 90 dias para criar um novo hábito.
Então, busque maneiras de persuadir a si mesmo e controlar sua rotina. Coloque metas de número de treinos pra fazer na semana e se presenteie ao final de cada mês com algo, como uma nova peça de roupa. Pois o segredo é persistir e não desistir.
4. Use pratos menores
Na neurociência, é uma maneira de enganar a mente dizendo que a quantidade ali foi suficiente para preencher o prato e também para saciar sua fome. Então, lembre-se de mastigar bem e comer com calma. Os transmissores que sinalizam a saciedade são liberados e fazem seu efeito máximo em cerca de 20 a 30 minutos.
5. Triste ou ansioso? Tire o foco da comida
Doces e alimentos ricos em carboidratos liberam dopamina e serotonina, que dão uma sensação de bem-estar. Por esse motivo, costumam ser os preferidos nessas horas. Essas decisões causam uma felicidade momentânea, por isso, também são chamadas botton-up, e vêm seguidas por culpa, principalmente em quem está de dieta.
Acontece que, para neurociência, existem outras maneiras de liberar hormônios do bem-estar. Por exemplo, com exercícios ou uma caminhada no parque. “Há formas de treinar o cérebro e a pensar dessa maneira, traçando metas, desenhando estratégias e tomando atitude saudáveis”, finaliza Nataniel.