O universo das atividades físicas, principalmente das academias, tem sido cada vez mais procurado por quem deseja conquistar a boa forma. Mas a busca por um corpo forte e definido, quando mais ligada à estética do que a um estilo de vida saudável, pode transformar-se em uma obsessão constante e até mesmo em uma doença: a vigorexia.
Também conhecida como transtorno dismórfico muscular, a doença baseia-se na visão distorcida que o indivíduo tem de si mesmo: ao se olhar no espelho, mesmo forte e hipertrofiado, ainda se considera magro e fraco.
O educador físico Wellington de Campos Monteiro explica que, embora não se exclua o público feminino, os indivíduos mais atingidos pelo transtorno são homens adeptos da prática de musculação, que muitas vezes já tinham propensão ao problema e o desenvolveram no ambiente das academias.
As vítimas da vigorexia partem para o excesso de atividades físicas e utilizam suplementos alimentares e outras substâncias que intensificam a queima de gordura e auxiliam o desenvolvimento muscular, como anabolizantes e esteróides, quase sempre em altas dosagens e de forma indiscriminada. Passar horas na academia e abrir mão de outras atividades para viver em função do próprio corpo são sintomas evidentes do transtorno. “A vigorexia faz com que suas vítimas abandonem o trabalho e os relacionamentos para se dedicarem à incessante busca pelo corpo perfeito”, afirma Wellington.
Principais sintomas da prática excessiva de atividades físicas
• Dores musculares persistentes
• Fadiga persistente
• Ritmo cardíaco elevado, em estado de repouso
• Maior suscetibilidade a infecções
• Maior incidência de lesões
• Irritabilidade
• Depressão
• Perda de motivação
• Insônia
• Perda de peso
Tratamento
Dificilmente o indivíduo atingido aceita que está fora de controle e precisa de ajuda, por isso o apoio da família e amigos é fundamental. “O que cabe a família e amigos é tentar diminuir a tensão e a cobrança sobre a vítima, como chamá-la para se alimentar em lugares diferentes, propor atividades recreativas, e até mesmo atividades físicas diferentes”, explica o educador físico.
A luta contra o distúrbio exige o auxílio de um psicólogo, nutricionista, médico clínico, fisioterapeuta e educador físico. Segundo Wellington, o educador físico tem um papel fundamental nos primeiros passos contra a doença por ser a pessoa mais próxima, e muitas vezes a mais influente, podendo identificar com antecedência sintomas relacionados a um transtorno alimentar e ajudando o indivíduo a construir de forma coerente sua autoimagem.
A procura incessante por um corpo perfeito e a excessiva valorização do culto à imagem, conceitos comuns na sociedade atual, são alguns dos fatores que explicam o número cada vez maior de vítimas da vigorexia. As atividades físicas devem sempre ser aliadas a um modo de vida saudável, dentro dos limites de cada um.