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Saiba se você está passando do ponto na hora de correr

É preciso encontrar o equilíbrio ideal para que correr só resulte em mais saúde, bem-estar e energia para encarar os desafios do dia a dia

A importância do movimento dos braços durante a corrida
Foto: Getty Images

Claro que correr vicia. Tem coisa mais gostosa do que acabar o treino todo suado e com a sensação de dever cumprido? Por isso mesmo,  nem sempre é fácil perceber quando se passou dos limites. Mais, nesse caso, nem sempre é sinônimo de melhor. É sempre bom lembrar: a corrida deve ajudá-lo a ganhar saúde e bem-estar e a enfrentar com mais energia os desafios do dia a dia. O segredo para que isso não seja deixado de lado está no equilíbrio e em saber respeitar os sinais que o seu corpo envia. Conheça alguns deles e saiba se está na hora de colocar o pé no freio.

1. “Estou mais gordo? Mas estou treinando mais ultimamente….”
Não há uma relação direta entre quantidade de exercício e massa gorda, apesar de ser evidente que a prática regular de esportes de resistência reduz substancialmente a gordura corporal. Mas, no caso de treinos excessivos, acontece o contrário. Ainda que treine mais, você sente que o seu corpo continua a perder peso, mas percebe que ganha massa gorda, geralmente visível na zona da cintura. Isso se deve ao aumento dos níveis de certos hormônios decorrentes do excesso de atividade física, entre eles, o cortisol. Associado a essa elevação, ocorre uma inibição dos hormônios que habitualmente ativam o crescimento da massa muscular, caso da testosterona. Esse sinal indica que o seu organismo está menos eficiente para queimar massa gorda e que está na hora de treinar menos e descansar mais.

2. “Quanto mais treino, parece que menos ando….”

Se render mais dependesse apenas de treinar mais, evoluir seria muito fácil para todos. Não há dúvida de que aumentar a resistência exige bastante treino, e é certo que você notou que, no início, o simples fato de aumentar o número de sessões semanais e sua duração o levou a evoluir rapidamente. Mas essa evolução não é linear, e o volume de treino tem de ser assimilado para se observar efeitos positivos na performance. Se você sente que não consegue cumprir os treinos previstos ou que está correndo mais devagar no mesmo tipo de treino do que nas semanas anteriores, é sinal de que precisa descansar. Esses sintomas fazem com que você se sinta sem energia nas sessões mais exigentes e se estiver realmente muito exausto, vai ser impossível cumprir os tempos que tinha planejado na pista.

3. “Não sei o que se passa, mas não consigo dormir…”

Um dos alertas de excesso de treino é a insônia. Apesar de parecer lógico que o aumento de treinos intensifica o cansaço, portanto, você deveria sentir mais sono, não é sempre assim. A resposta crônica a situações de treino elevado  é o aumento da atividade do sistema nervoso simpático, responsável por responder a situações de estresse. O metabolismo fica mais acelerado durante a recuperação. Como consequência, a frequência cardíaca de repouso fica mais elevada, daí a dificuldade para dormir nos períodos de treino excessivo. Portanto, se sentir que está dormindo mal e desconfia que pode ser do treino, alivie um pouco a carga e verá que voltará a dormir como antes.

4. “Vou treinar, mas nada me apetece…”
A motivação para treinar está ligada a vários fatores, entre eles a sobrecarga de trabalho e os problemas pessoais, que podem ter uma grande influência na sua vontade para levar a cabo as atividades do dia a dia e, claro, os treinos. Mas se tudo estiver correndo normalmente e você continua a treinar quase que por obrigação, sem aquela vontade que sentia
anteriormente, muito provavelmente já passou dos limites.

5. “Não deixo de treinar nem no Natal…”
O vício da corrida pode tornar-se de tal forma obsessivo que você pode até perder a noção das reais prioridades da sua vida. O treino deve sempre ser entendido como um complemento e não como uma fonte adicional de estresse para o seu dia a dia. Com uma boa organização e planejamento, terá tempo para tudo e não vai ser necessário deixar a família e os amigos de lado só porque tem de treinar. Aproveite os momentos de festa e de convívio social para se esquecer um pouco da corrida. Afinal, a maioria das pessoas procura a atividade física para sair da rotina. Por que não fazer o mesmo com os feriados, nos quais corrida não faz parte dos seus planos?

6. “Não sei o que se passa, mas ultimamente fico doente por nada…”
Muitos fatores podem contribuir para que o seu sistema de defesa se torne mais frágil e para que você fique adoentado facilmente. O estresse associado ao trabalho excessivo, alimentação desequilibrada e exposição a condições atmosféricas adversas estão na linha da frente do enfraquecimento das defesas. Mas, e se nenhuma das condições anteriores parece ser a explicação? O que poderá, afinal, estar provocando as constantes dores de garganta, gripes,  nariz sempre congestionado, tosse e outros sintomas? Em circunstâncias extremas, o organismo responde da pior forma ao exercício, e o que supostamente deveria contribuir para a sua saúde está deteriorando o seu sistema imune e levando-o a ficar doente. O corpo tem uma capacidade fantástica de tomar decisões por você! Se você se exceder constantemente e não lhe der o necessário descanso, ele vai dizer “chega” e forçá-lo a descansar porque o colocou de cama.

7. “Sinto-me sempre cansado….”
Uma das consequências da corrida é você se sentir cansado nos momentos que se seguem ao treino. Se o treino tiver sido intenso, pode até ser natural que nos dois dias seguintes à sessão você sinta que trabalhou duro e que precisa se recuperar. Mas se a sensação de cansaço for permanente, isso significa que ele já se instalou e que dificilmente irá embora com um ou dois dias de treino mais leve. Quando sentir dificuldade de se concentrar nas suas tarefas diárias, sentir que as suas pernas pesam horrores e que qualquer lance de escadas vira um verdadeiro suplício, então, não restam dúvidas: você não só tem de descansar como também treinar muito menos durante algumas semanas, até sentir que essas sensações desapareceram.

8. “O que se passa? Parece que estou sempre irritado…”
Todos à sua volta se queixam de que você anda irritado? Parece que não tem paciência para ninguém e que só está bem quando está correndo? Então procure avaliar se não está correndo em demasia. Com o excesso de treino, o organismo produz hormônios que podem também causar irritabilidade e ansiedade. Por outro lado, a liberação de endorfinas proporcionada pelos treinos transmite uma sensação de bem-estar físico e mental que acaba por tornar a sua corrida e os momentos que seguem a ela os pontos mais altos do seu dia. Procure encontrar um ponto de equilíbrio, para que a corrida continue a ajudá-lo a se sentir bem.

9. “Tome analgésicos e anti-inflamatórios que isso passa…”
Dores musculares são uma consequência natural do treino e é perfeitamente aceitável que após algumas sessões mais exigentes você sinta algum desconforto durante dois ou três dias. Mas dores também podem ser causadas por exagero nos treinos ou excesso de treinos em pisos  agressivos, como o asfalto, ou simplesmente pelo uso de um tênis não adequado ou muito velho. No entanto, se sentir dores musculares, articulares ou ligamentosas repetidamente, mesmo quando não está correndo, significa que muito provavelmente está exagerando nos treinos e que deve reduzir a sua duração e a sua frequência. Seja qual for a razão das suas dores, você deve resolvê-la com o reajuste da carga, aumentando o período de descanso e adequando equipamentos e espaços de treino. O uso de remédios jamais pode ser a solução número 1 para o seu caso.

10. “Tenho treinado bastante, mas parece que tenho cada vez menos fome…”
O aumento do volume de treino está intimamente ligado ao aumento das necessidades energéticas. Seria de se esperar, então, que quanto mais treina, mais você precisa de energia. Isso funciona até certo ponto. Quando ultrapassa a barreira do razoável, pode ser revertido contra você. Mais uma vez, os hormônios são responsáveis por essa regulação. A epinefrina e a norepinefrina podem inibir o apetite em situações extremas associadas ao excesso de treino. Não deixe que a corrida o conduza a isso, porque é essencial se alimentar bem para poder continuar a treinar como tanto gosta.

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