Tudo estava programa para o adeus de Bolt ser no alto do pódio, lugar habitual nas últimas dez temporadas. Mas o plano do jamaicano foi frustrado por Justin Gatlin. Com o passado marcado por duas suspensões por doping, o norte-americano suportou vaias até alcançar a glória da medalha de ouro neste Mundial de Atletismo — e exigiu silêncio da plateia.
Correndo por fora, na raia 7, Gatlin ultrapassou os adversários nos metros finais e fechou a prova com 9s92, seu melhor tempo no ano. Seu compatriota, Christian Coleman, que vencera Bolt em sua bateria na semifinal, voltou a bater o Raio e garantiu a medalha de prata com 9s94. O frustrante bronze do jamaicano veio com 9s95, apenas igualando sua melhor marca em 2017.
O adeus de Bolt: “Fiz o meu melhor”
Ainda assimilando o resultado, Bolt agradeceu à plateia e avaliou seu desempenho. “Minha largada me matou. Normalmente eu melhoro ao longo da prova, mas perdi porque não consegui. Estava ‘duro’, com altos e baixos. Não foi a performance que queria. Fiz o meu melhor”, disse à BBC.
Logo após desabafar, Gatlin se recompôs e reverenciou Bolt. “A primeira coisa que ele disse foi ‘parabéns’ e que eu não merecia aquelas vaias”, contou o agora bicampeão do mundo dos 100m rasos. “Foi um momento surreal, me senti como em 2004 [ouro olímpico] novamente. Foi uma noite maravilhosa porque também foi a última noite de Bolt. Somos rivais na pista, mas nos divertimos na área de aquecimento”, completou.
Falta um ato da despedida de Usain Bolt, o revezamento 4 x 100, no próximo sábado (12 de agosto). Mas o ouro está sob ameaça, considerando a dobradinha dos Estados Unidos na prova individual.