A pandemia de Covid-19 colocou o mundo dentro de casa e acabou colaborando com o sedentarismo e o sobrepeso. A falta de espaço para se exercitar, somado à ansiedade e à fome emocional fez com que adultos e crianças aumentassem o peso de forma perigosa.
Agora, na busca pela perda de peso consciente, saudável e duradoura, muita gente acaba cometendo loucuras, como dietas extremamente restritivas ou o exagero na prática de atividades físicas que acabam lesionando o corpo.
A Dra. Paula Pires, Endocrinologista e Metabologista da USP, lembra que em 1982, os psicólogos Carlo DiClemente e James Prochaska criaram o modelo transteórico de mudança, que defende que toda transformação passa por etapas. Muito aplicado em vícios, como tabagismo e drogas, o modelo também pode ser adotado na busca de um estilo de vida mais saudável.
“Esse modelo é circular, ou seja, a pessoa pode passar várias vezes por todas as etapas até ter o sucesso que procura. É interessante porque leva a um reconhecimento da fase em que se encontra que ajuda a dar consciência sobre a transformação que precisa ser feita”, diz a médica.
A automotivação para seguir cada estágio é essencial e o que determina o sucesso da empreitada.
O modelo transteórico para perder peso
1) Pré-contemplação, ou seja, alguém que sabe que precisa perder peso, mas ainda não tomou qualquer providência para dar esse primeiro passo. “A pessoa não está satisfeita com o seu corpo, mas não tem forças para dar o primeiro passo em direção a uma vida mais saudável”, diz a médica.
2) Contemplação: a pessoa considera, mas ao mesmo tempo rejeita a mudança. “É como aquela pessoa que faz matrícula na academia, mas encontra desculpas para faltar às aulas.”
3) Determinação: é uma janela de oportunidade que, se aproveitada, faz com que o projeto dê certo. É quando a pessoa passa a frequentar a academia com regularidade, começa a fazer substituições saudáveis no cardápio e começa a notar as melhoras sutis no seu dia a dia.
4) Ação: é quando surge a ideia mesmo de mudar, como começar uma dieta ou marcar uma sessão com um personal trainer.
5) Manutenção: tem a ver com a prevenção de recaídas. É uma das fases mais difíceis na hora de perder peso, ainda mais em determinadas épocas do ano, como a Páscoa, por exemplo.
6) Recaída: pode acontecer de a pessoa “jacar” muito no fim de semana e entrar na espiral da preguiça. Com isso, perder a força para retomar a rotina de exercícios, retornando ao início das etapas.
Dra. Paula lembra que todo hábito leva tempo para se tornar uma realidade. Por isso é importante persistir e enfrentar as dificuldades. Perder peso é uma questão de saúde e que colabora para todo o bem-estar físico e emocional do paciente.