Um assunto muito frequente nas rodas de conversa entre os corredores está relacionado ao tamanho e à frequência das passadas. E muitos treinadores também pegam no pé dos alunos, orientando-os a ampliar ou diminuir o tamanho dela. A discussão sobre aumentar ou diminuir a amplitude e/ou frequência das passadas faz muito sentido. Desde a década de 1990 pesquisadores investigam se alterar o padrão exerce algum efeito sobre a performance do corredor.
Na época, o renomado fisiologista e treinador de corredores de alta performance J. Daniels publicou um estudo relatando que os corredores mais rápidos também adotavam passadas mais curtas e rápidas. No final de sua pesquisa, ele sugeria uma suposta frequência “ideal” de passadas, algo em torno de 180 passos por minuto. Para que tenha uma ideia de sua frequência de passadas, faça o seguinte teste: Após um aquecimento de 10 min a 15 min, zere o cronômetro e comece a contar o número de passos que dá com a perna direita. Ao término de 1 min, multiplique por dois (afinal são duas pernas aplicando passadas) e terá a sua frequência de passadas.
Em geral, aplicamos entre 160 e 170 passos por minuto. Mas, e o que outras pesquisas mostram sobre a frequência de passadas e a performance? Um estudo mais recente encontrou um fato interessante: o que verdadeiramente diferencia a performance do corredor é o tempo de contato do pé com o solo. Em outras palavras, se a sua passada é “rápida” ou “lenta”, e isso tem relação com o desempenho. Sim, corredores com menor tempo de contato do pé com o solo levam vantagem.
Esses achados só comprovam aquilo que Daniels encontrou há mais de 20 anos. Isso porque, ao aumentar a frequência de passadas, o corredor deve necessariamente diminuir o tempo de contato com o solo. Há como treinar para aumentar a frequência de passadas e diminuir o tempo de contato do pé com o solo? Sem dúvida! Por exemplo, o tradicional treino intervalado serve como bom estímulo para “ensinar” a correr com maior frequência de passadas. Treinos em descida e também saltos e sprints vêm se mostrando eficazes nesse sentido. No entanto, apenas atletas experientes, sem sobrepeso e com o devido reforço muscular devem explorar esses métodos, porque eles são mais agressivos.
Uma coisa fica mais clara: não é aumentando o tamanho da passada que você se tornará um melhor corredor. Pelo contrário, as evidências indicam que treinar para dar passadas mais curtas e rápidas é que o farão mais competitivo.