Já há alguns anos é possível notar um grande número de corredores usando meias de compressão, aquelas que antigamente mulheres grávidas e/ou com problemas circulatórios nas pernas utilizavam. Antes de discutirmos a sua eficácia, vamos entender o conceito que explicaria um eventual ganho na performance ao usá-las.
Ao comprimir uma determinada região do corpo (a perna), as fibras musculares e tendões teriam menor vibração, e a consequência seria um aumento da rigidez elástica. Ao promover esse aumento, esse “elástico” mais rígido desperdiçaria menos energia a cada passada, elevando a eficiência mecânica e, assim, poderiam ser imprimidos ritmos mais rápidos de prova com o mesmo gasto energético. Para atletas bem treinados, pequenos ganhos em termos de eficiência mecânica podem se traduzir em uma melhora na performance de alguns segundos ou de um ou dois minutos, dependendo da prova.
O que a ciência diz sobre meias de compressão
Um recente estudo investigou se as meias de compressão trazem benefícios para um grupo de corredores. Foram analisados 16 atletas com tempo igual ou inferior a 16’30” nos 5 km, que corriam em média 100 km semanais. Uma coisa é melhorar a performance de pessoas que estejam treinando pouco ou moderadamente, outra é oferecer ganhos para um público bem próximo do máximo do seu potencial. Essa pesquisa buscou evidências para justificar o uso dessas meias por uma parcela de corredores que vem treinando há mais de três anos regularmente, cujas marcas nas provas já estão em processo de estagnação. Analisou-se o consumo de oxigênio em diferentes velocidades, tempo de contato do pé com o solo, frequência de passadas e tempo de execução das passadas.
Eu considero esse estudo interessante e criterioso, porque foram avaliadas variáveis que estão intimamente relacionadas à eficiência do corredor, não sendo observada diferença estatisticamente significativa entre o uso dessas meias e as tradicionais. No entanto, surgiu um fenômeno curioso: percebeu-se diferenças individuais nas respostas frente ao uso delas. Enquanto um grupo piorou sua eficiência mecânica (cerca de 4%), outro obteve ganho (cerca de 4%). Se no resultado geral a média não mostrou diferença significativa, ao analisar mais de perto os dados, alguns atletas responderam positivamente, enquanto outros não.
Os pesquisadores concluem que ainda é cedo para dizer se elas funcionam ou não. O ideal é que o corredor seja avaliado em termos de consumo de oxigênio, com e sem as meias de compressão, e comparar os resultados. Como isso não é prático nem economicamente viável para a maioria de nós, recomendo que o corredor invista em seguir um treinamento de endurance e força, ambos orientados por um treinador qualificado. Isso, sim, apresenta sólidas evidências em centenas de estudos de que é possível melhorar a performance para todos os níveis de corredores.
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