Ao longo dos últimos dias conhecemos as histórias de mulheres que se aventuram em ultramaratonas e mandam muito bem! Todas diferentes, com suas próprias dores, alegrias, sonhos e rotinas, mas que conseguem tempo para treinar e viver o sonho de conquistar suas metas no esporte.
Na última parte da nossa série, você conhece Andréa Vidal, 39 anos, advogada, mora em Belo Horizonte (MG). Conquistada pela energia contagiante dos corredores, Andréa foi evoluindo ao longo dos anos e segue vivendo a inexplicável sensação de uma maratona. Confira:
“Certa vez, encontrei meu marido (na época, namorado) correndo em Belo Horizonte com uma mulher muito bonita. Resolvi começar a correr para poder acompanhá-lo. Só depois descobri que a mulher era prima dele! Desde então, não parei mais de correr – e isso foi há 20 anos.
No início, intercalava corrida e caminhada, até conseguir correr entre 5 km e 6 km. Não tive auxílio de profissionais no início. Não era fácil, mas eu estava começando a gostar. Em 2008, fiz minha primeira prova de rua de 10 km e adorei.
Antes de 2013, nunca havia pensado em correr uma ultra. Afinal, havia feito minha primeira maratona somente em 2012. Meu marido resolveu correr a Comrades (ultramaratona de 89 km na África do Sul) e fui acompanhá-lo. Fiquei esperando na chegada, impressionada com a organização e a energia do povo sul-africano, vibrando e torcendo pelos corredores. Quando um senhor que estava correndo caiu a 150 m da linha de chegada, um brasileiro parou ao seu lado, aplicou na perna dele um spray que tirou do bolso, fez massagem e falou: “Vem, eu te levo até a linha de chegada”. Depois disso, tudo mudou. Eu precisava fazer essa prova!
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Os treinos eram muito desgastantes, com no mínimo 18 km, às terças e quintas. Às sextas, dormia cedo e acordava às 4h da manhã no dia seguinte para os longões de até 65 km. Tive que deixar de participar de alguns eventos familiares e de amigos, pois não podia perder os treinos.
A Comrades foi a melhor de todas as provas! A energia do povo durante todo o trajeto faz você querer continuar. Ao entrar no local da chegada, não me contive. Era uma festa, as pessoas gritavam e vibravam com a passagem dos corredores. Ao avistar meu marido, chorei muito. A emoção é indescritível! Foi uma felicidade única receber a menor medalha que já ganhei, mas a mais importante de todas, sem dúvida.
Recentemente, completei a minha quinta ultramaratona. Com exceção da primeira, todas as minhas ultras foram de trilha. Ainda vou fazer mais uma de 73 km no Chile, no dia 10 de dezembro. Com certeza a de que mais gostei foi a Comrades, não só por ser a primeira, mas pela energia da prova – não tem igual!”
Texto e Pesquisa: Amanda Preto e Gabriel Gameiro | Edição: Victor Moura