Mais da metade da população brasileira está acima do peso e quase 20% está na faixa da obesidade, de acordo com Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Já o Atlas Mundial da Obesidade de 2022 estima que esse total deve chegar a 30% em 2030.
A obesidade é um dos mais graves problemas de saúde da atualidade. Estudos da Charity Commission, do Reino Unido, apontam que a obesidade desbanca o cigarro como a maior causa de câncer.
Obesidade ou sobrepeso?
Tanto o sobrepeso quanto a obesidade se referem ao acúmulo excessivo de gordura corporal. O que difere os dois conceitos é a quantidade desse excesso e, consequentemente, a gravidade da condição. O sobrepeso está relacionado a um percentual menor de gordura quando comparado à obesidade, portanto tem menos chances de impactar na saúde como um todo.
O médico nutrólogo Dr. Ronan Araujo explica que a principal causa da obesidade é o desequilíbrio energético a longo prazo entre as calorias consumidas e as calorias eliminadas. Uma dieta balanceada pode prevenir, tratar ou aliviar alguns dos sintomas associados a essas doenças.
“É importante fornecer aos pacientes recomendações dietéticas simples para aumentar a probabilidade de implementação bem-sucedida. Isso inclui aumentar a ingestão de vegetais, frutas e fibras e consumir fontes de proteína magra para aumentar a saciedade. Além disso, evitar ou limitar severamente alimentos altamente processados e reduzir o tamanho das porções”, indica o médico.
A obesidade é considerada uma doença crônica, e é geralmente o resultado do descontrole da ingestão de calorias, que é superior ao gasto energético. Porém, ela também é uma condição multifatorial, pois sofre influência de fatores combinados como hereditariedade, meio ambiente, hábitos e fatores socioculturais.
“Sobrepeso e obesidade constituem o sexto fator de risco mais preocupante das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), pois estão associados a várias outras comorbidades, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares, síndrome metabólica, doença renal crônica, hipertensão, certos tipos de câncer, apneia obstrutiva do sono, osteoartrite, depressão e distúrbios musculoesqueléticos. O resultado é uma diminuição da qualidade e expectativa de vida”, alerta o médico.
Além disso, os indivíduos obesos enfrentam uma forma generalizada de estigma social. Pessoas com sobrepeso ou obesidade são vulneráveis a discriminação no local de trabalho, escola, instituições de saúde e sociedade em geral, aponta o especialista.
Principais motivos que dificultam a perda de peso
- Efeito platô
O efeito platô é o mesmo que efeito sanfona, ou efeito rebote. Além da adaptação do organismo, o efeito platô pode acontecer por diferentes razões. Como quando a pessoa segue o mesmo plano alimentar ou de treino por um longo período , ou então quando realiza uma dieta restrita por muito tempo. Pode acontecer, ainda, quando se perde muito peso em pouco tempo, mostrando alterações metabólicas.
- Desequilíbrio hormonal
O Dr. Ronan ressalta também que algumas alterações hormonais podem contribuir para o ganho de peso. Ele cita especialmente o hipotiroidismo, síndrome de Cushing, aumento da produção de cortisol e desiquilíbrio dos níveis de insulina.
- Estresse e ansiedade
Ambos os problemas liberam grande quantidade de cortisol no organismo. Essa substância proporciona maior facilidade para o ganho de peso, aponta o médico.
- Não se exercitar regularmente
Quanto menos atividades o indivíduo pratica, mais chances terá de se tornar uma pessoa obesa, alerta o especialista. Uma vida sedentária também pode causar diabetes, agravar doenças das articulações, dos músculos e da coluna, gerar complicações psicológicas como ansiedade e até mesmo facilitar o surgimento de alguns tipos de câncer.
Ronan cita outros fatores que contribuem para a manutenção da obesidade:
- Não beber água o suficiente;
- Hábitos irregulares de sono;
- Ingerir muitas calorias;
- Comer muito antes de dormir;
- Pular o café da manhã;
- Envelhecimento do corpo.
Em resumo, são muitos os fatores causadores da obesidade, e também são muitas as suas consequências. “O fato é que nossa alimentação é um dos principais determinantes de nossa saúde, expectativa e qualidade de vida. Quando ela é bem administrada, se torna uma ferramenta poderosa na prevenção e na melhora da saúde física e emocional. Com acompanhamento médico nutricional, é possível ter orientações de melhores dietas e tratamentos para cada caso em específico.” finaliza Dr. Ronan Araujo.