Há 30 anos o Brasil reverencia, com muita justiça, a medalha de ouro do basquete masculino no Pan de 1987. Mas é sempre bom revisitar essa conquista e reafirmar o tamanho desse feito. Tão grande que faz sombra a um histórico anterior igualmente vencedor, de dois títulos mundiais (1959 e 1963) e três bronzes olímpicos (1948, 1960 e 1964), da maravilhosa geração comandada por Kanela, Wlamir Marques e Amaury Passos.
Não é para menos: até aquele 23 de agosto de 1987, os Estados Unidos acumulavam nove ouros em onze Olimpíadas, oito ouros em nove edições de Pan-Americanos e eram os atuais campeões mundiais. O clima era propício: instantes antes, a final feminina havia sido vencida pelas donas da casa sobre as brasileiras por 111 a 87 — com a imprensa gringa já encantada pelo talento de Hortência e Paula. E mais: os homens nunca haviam perdido uma partida oficial sequer em solo ianque.
Até aquele dia, diante de 16.292 espectadores no Market Square Arena, em Indianápolis. Quando os brasileiros foram para o intervalo perdendo por 54 a 68 e viram garrafas de champanhe e camisetas comemorativas no vestiário adversário. E voltaram para para a segunda etapa com atuações inspiradas de Oscar e Marcel (finalizaram a partida com 46 e 31 pontos, respectivamente) para levar o Brasil à vitória por 120 a 115.
Façanha, sim. Zebra, nem tanto
Ao final da partida, o narrador do canal norte-americano CBS cravou: “Uma partida chocante”, antes de ficar alguns segundos em silêncio e concluir que os brasileiros “mereceram o ouro”. A seleção brasileira vinha de um quarto lugar no Mundial de 1986, disputado na Espanha — perdendo exatamente para os Estados Unidos na semifinal. Era, portanto, uma equipe experimentada, que contava com seus destaques, os alas Oscar e Marcel, como protagonistas em seus clubes na Itália, então um grande centro europeu da modalidade. Nem por isso, entretanto, imaginavam que derrubariam os norte-americanos em sua casa.
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David Robinson, principal jogador daquele time de 1987 e anos depois um dos astros do inesquecível Dream Team (primeira formação estadunidense com jogadores da NBA) na Olimpíada de 1992, reconheceu anos depois o peso daquela derrota. “Aquela derrota foi fundamental para que os Estados Unidos criassem o Dream Team. Vimos o quanto o basquete internacional havia evoluído. Eu até me sinto lisonjeado por ter perdido aquela final do Pan para o Brasil e jamais esqueci daquele dia. Depois, nós ainda acabamos ficando com a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Seul 1988 e ficou realmente claro que precisaríamos criar a seleção mais forte possível”, disse o astro em entrevista ao GloboEsporte.com há três anos.
A campanha brasileira
110 x 79 Uruguai
100 x 99 Porto Rico
103 x 98 Ilhas Virgens
88 x 91 Canadá
131 x 84 Venezuela
137 x 116 México
120 x 115 Estados Unidos
Elenco de ouro!
4. Paulinho Villas Bôas, ala
5. Maury, armador
6. Gérson, pivô
7. André, pivô
8. Rolando, pivô
9. Cadum, armador
10. Guerrinha, armador
11. Marcel, ala
12. Pipoka, pivô
13. Silvio, pivô
14. Oscar, ala
15. Israel, pivô
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Cadum e José Medalha contam detalhes da conquista
Guerrinha explica vitória e mostra suas relíquias
https://www.youtube.com/watch?v=XGi6Xg6oOtk