Uma entorse no tornozelo pode ter sido provocada pelo desequilíbrio do quadril. A dificuldade para se recuperar de uma operação no joelho e voltar a correr pode estar relacionada a uma cirurgia para a retirada do apêndice feita algum tempo antes. Para tratar exemplos como esses que uma técnica de visão mais holística acaba levando vantagem.
E é exatamente esse o grande diferencial desse método criado há mais de 30 anos pelo fisioterapeuta e osteopata francês Léopold Busquet. “Ele vai além do tratamento da musculatura, avalia também a área abdominal, onde pode haver tensões entre as vísceras, e a do crânio, que pode estar por trás de dores de cabeça e das tensões no pescoço, que é onde em mais de 80% dos casos estão as causas que dão origem às dores”, conta o fisioterapeuta Bruno Dreher Bosner, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que tem especialização no método. “Um incômodo nas costas, por exemplo, pode ser originado pelos mais variados motivos, incluindo alergias, refluxo e até ovários policísticos, ou seja, a dor não é um diagnóstico, mas sim, um sintoma de que algo está errado no organismo”, acrescenta Antonio Alexandre Faria, ortopedista da COTESP Medicina Esportiva, em São Paulo. “Isso acontece porque o esqueleto humano é programado para funcionar como uma proteção para as tensões produzidas pelo corpo, o que faz com que sejam recrutados alguns músculos para gerar o alívio necessário e isso leva a mudanças de postura e perda das curvaturas naturais do corpo que podem desencadear problemas”, explica.
Como funciona o método Busquet na prática
Para reverter esses quadros, o especialista realiza testes que avaliam dinamicamente as cadeias de músculos, que atualmente são chamadas de fisiológicas, graças à sua íntima ligação com outros sistemas do organismo, e detecta quais são os processos de adaptação prejudiciais aos quais elas foram submetidas. “Então, são terapias manuais para liberar os pontos onde elas aconteceram, permitindo que o corpo tenha mais liberdade de movimentos, maior sensação de leveza e se adapte a padrões posturais melhores”, explica o Maurício Garcia, coordenador do setor de fisioterapia do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, em São Paulo, e fisioterapeuta do Centro de Traumatologia do Esporte da Universidade Federal de São Paulo. “E ao contrário do que acontece com outras técnicas fisioterápicas, o paciente é reavaliado a todo momento para redefinir a estratégia de tratamento, já que entendemos que a postura é dinâmica, o que nos possibilita oferecer resultados muito eficazes mais rápido”, acrescenta o fisioterapeuta Claudio Cotter, da CM.2 Fisioterapia, em São Paulo, que tem formação no método Busquet. “Outra característica dessa técnica é que ela vai direto ao ponto que está provocando o problema, tratando a causa e não apenas a sua consequência. A cada sessão é possível notar grandes melhoras”, diz Cotter. Mas para garantir um resultado realmente eficaz do tratamento, o ideal é associá-lo a outros métodos, como o pilates.
Indicação
O método é indicado para todas as idades e perfis. “Desde os recém-nascidos com problemas como deformações e torcicolo congênito e as crianças que apresentam dores de crescimento, lordose e alterações nos pés e nos joelhos, entre outras. Até os idosos se beneficiam, a fim de evitar problemas físicos e tratar os efeitos da artrite e artrose”, conta Maurício Garcia. E a turma que pratica atividade física tem algumas vantagens extra com a metodologia criada por Léopold Busquet. Ela aumenta a amplitude dos movimentos, a mobilidade articular, a flexibilidade e leva o indivíduo a praticar a atividade com uma biomecânica mais correta e eficaz, melhorando a performance e evitando lesões. “Outro exemplo importante nesse caso é que podemos detectar quando tensões internas na cavidade abdominal geram compensações adaptativas diretas na pisada, o que no caso de um corredor faz toda a diferença na sua performance”, conta Bruno Dreher Bosner. “E as melhoras podem ser percebidas no momento da sessão em 90% dos casos”, afirma. O especialista Claudio Cotter sentiu isso na pele, ou melhor, no corpo todo. “Já vivenciei a sensação de correr 8 km de manhã sentindo o corpo pesado e travado e, ao fazer o mesmo treino à tarde depois de me submeter ao tratamento, me senti bem mais leve, mesmo já tendo me exercitado mais cedo”, conta.